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Tarcísio fica em silêncio durante julgamento de Bolsonaro após discurso forte na Paulista

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Após um discurso intenso na Avenida Paulista no dia 7 de Setembro, no qual usou palavras como “ditadura” e “tirania” para descrever o Supremo Tribunal Federal (STF), Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem evitado aparições públicas e publicações políticas nas redes sociais — justamente na semana crucial do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na única atividade externa da semana, Tarcísio participou brevemente de um evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na manhã de segunda-feira (8), adotando um tom mais moderado em seu discurso para empresários, porém evitou contato com a imprensa. Nos dias seguintes, dedicou seu tempo a despachos internos.

O silêncio também domina suas redes sociais. Desde o dia 7 de Setembro, fez apenas uma publicação, relacionada a uma operação policial na Favela do Moinho, no centro de São Paulo. A comunidade é palco de disputa entre os governos federal e estadual em projetos de reurbanização, mas o governador não usou tom político em sua postagem.

“A quem interessa que as pessoas continuem morando em condições precárias na favela do Moinho? Ao crime organizado. Por muito tempo, a favela foi usada como depósito de drogas que abastecia a Cracolândia e funcionava como quartel-general do crime na região central de São Paulo” — escreveu Tarcísio.

Nos dias 9 e 10, esteve no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista no Morumbi, recebendo secretários como Guilherme Derrite (Segurança), Jorge Lima (Desenvolvimento Econômico) e Renato Feder (Educação), além de deputados como Jorge Wilson, conhecido como Xerife do Consumidor (Republicanos). Não foram concedidas entrevistas nem realizados eventos no salão principal.

Até meados de agosto, antes de endurecer contra o STF, a principal crítica bolsonarista contra Tarcísio era seu silêncio sobre o julgamento do ex-presidente. Contudo, após as declarações em 7 de Setembro, ele passou a ser criticado por vozes moderadas e até por ministros do STF, que avaliaram seu discurso como inadequado e com potencial para prejudicar relações importantes. O tom radical surpreendeu até aliados do governador.

Esta semana, suas reuniões privadas contrastam com a postura na semana anterior, quando esteve dois dias em Brasília para apoiar a anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, incluindo Bolsonaro. Durante a visita, encontrou-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos).

O recuo tem sido interpretado como estratégia, considerando a repercussão negativa de seu pronunciamento em certos setores.

Segundo o cientista Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, “Em 2022, a vitória do Lula contou com apoio de 2% do chamado centro democrático. Para vencer em 2026, Tarcísio sabe que não pode depender só dos votos bolsonaristas. Com esse apoio ele chegaria ao segundo turno, mas para derrotar Lula, ele precisa se apresentar mais moderado.”

O especialista destaca também dois movimentos recentes de Tarcísio: a busca pela anistia e a declaração de desconfiança na Justiça, feita em entrevista, os quais culminaram em uma postura menos moderada.

Um secretário ouvido reservadamente prevê que o voto do ministro Luiz Fux pode reavivar esperanças entre bolsonaristas, possibilitando que Tarcísio volte ao confronto ideológico.

Além do julgamento de Bolsonaro e outros réus na trama golpista, o STF julga esta semana questão relevante para o governador: as escolas cívico-militares. O programa, um dos principais apoios ao bolsonarismo no estado, enfrentou liminar de suspensão no Tribunal de Justiça de São Paulo, que foi cassada pelo ministro Gilmar Mendes. Agora, a decisão será avaliada pelo plenário virtual da Corte.

O Palácio dos Bandeirantes não se pronunciou sobre o assunto.

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