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Tarcísio usa a Bíblia para conquistar evangélicos

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e nome forte à direita para a eleição presidencial de 2026, tem recorrido a textos religiosos em suas falas com objetivo de aproximar-se dos eleitores evangélicos. Suas citações frequentemente destacam a suposta falta de fé de seus adversários, enquanto se apresenta como um líder fiel e escolhido por Deus para guiar seu povo ao sucesso.
Tarcísio demonstra um domínio bíblico incomum entre políticos, conseguindo interpretar e analisar as passagens, ao invés de apenas recitá-las, como fazem outros líderes, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro ou a ex-presidente Dilma Rousseff.
Ele repete suas passagens favoritas em eventos públicos, incluindo celebrações evangélicas e a Marcha para Jesus, abordando parábolas e textos sobre dons espirituais e perseverança, destacando sempre a esperança e a oração como elementos centrais.
Crescido entre o catolicismo e o evangelismo pentecostal, Tarcísio hoje se identifica como católico, mas valoriza a influência religiosa de sua mãe, que lhe ensinou sobre as coisas de Deus. Em um evento recente na Igreja Batista da Lagoinha, em Alphaville, ele recitou um trecho da carta de Paulo aos Efésios e compartilhou testemunhos pessoais que evidenciam a intervenção divina em sua vida, como sua recuperação de um câncer e sua aprovação em concurso público, atribuída à fé e ao apoio da família.
O governador valoriza a família e enfatiza o papel importante de sua esposa, referida com respeito e como uma mulher virtuosa. Essa narrativa religiosa tem sido vista como uma estratégia para ganhar o apoio evangélico de forma mais moderada e sem posturas agressivas sobre temas sociais.
Líderes evangélicos têm elogiado a habilidade de Tarcísio em apresentar discursos religiosos, ressaltando sua capacidade de conectar-se diretamente com o público evangélico, sem a necessidade de intermediários.
Segundo o pastor Kenner Terra, Tarcísio utiliza os textos bíblicos para criar uma narrativa onde ele é apresentado como um líder divinamente eleito, diferenciando-se claramente de seus adversários, que ele associa a personagens bíblicos negativos. Essa abordagem reforça a divisão entre “nós” e “eles”, uma tática que visa mobilizar sua base de eleitores.
Pesquisadores destacam que o governador mantém um diálogo com os evangélicos sem abrir mão de sua identidade católica, mostrando-se como uma figura unificadora dentro do cristianismo. Sua comunicação religiosa é composta por mensagens de fé, perseverança e esperança, trazendo recados políticos implícitos.
Embora essa estratégia tenha potencial para influenciar, não há garantias de que o eleitorado evangélico aceitará o discurso automaticamente, pois a relação entre política e religião é complexa e diversa.

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