Economia
Tarifa dos EUA pode reduzir o PIB do Brasil e China em 0,16% e o dos EUA em 0,37%

As tarifas impostas recentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem resultar numa redução do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,16% tanto no Brasil quanto na China, além de causar um declínio de 0,12% na economia global e uma queda de 2,1% no comércio mundial, equivalente a US$ 483 bilhões.
Prevê-se uma diminuição de R$ 52 bilhões nas exportações brasileiras, com perda de aproximadamente 110 mil empregos no país. Já o PIB dos EUA pode sofrer uma redução de 0,37% em decorrência das tarifas aplicadas não apenas ao Brasil e à China, mas também a outros 14 países, além de taxas sobre a importação de automóveis e aço de qualquer origem.
Essas estimativas são baseadas em um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) fundamentado em dados oficiais e pesquisas econômicas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Universidade Federal de Minas Gerais, que analisam as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e avaliam o impacto dessas tarifas sobre a produção brasileira.
Ricardo Alban, presidente da CNI, destaca: “Os dados indicam que essa política é prejudicial para todos, especialmente para os americanos. O mercado americano é o principal destino da indústria brasileira, motivo pelo qual esta situação é preocupante. É crucial avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano sobre a importância da complementaridade nas nossas relações econômicas. A racionalidade deve prevalecer.”
Entre os setores brasileiros mais afetados pelas tarifas imposta pelos EUA estão o de tratores e máquinas agrícolas, que poderá enfrentar queda de 11,31% nas exportações e redução de 4,18% na produção; o de aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte, com redução estimada de 22,33% nas exportações e 9,19% na produção; e o setor de carnes de aves, possível queda de 11,31% nas exportações e diminuição de 4,18% na produção.
Os estados brasileiros que mais sofrerão impacto no PIB são São Paulo (queda de R$ 4,4 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 1,9 bilhão), Paraná (R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,7 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,66 bilhão).
Estimativas indicam que a fatia das exportações brasileiras aos EUA na receita bruta da indústria extrativa é de 4,5%. No setor de extração de petróleo e gás natural essa participação é de 5,3%; na indústria de transformação, 2,6%; em equipamentos de transporte como aeronaves e embarcações, 22,1%; na indústria de madeira, 17%; na metalurgia, 10,1%; em máquinas e equipamentos, 4,8%; e em couro, calçados, celulose e papel, 4,5%.
O estudo também aponta que o Brasil aplica uma tarifa média de 2,7% sobre as importações de produtos americanos. Nos últimos dez anos (2015-2024), os Estados Unidos tiveram superávit consistente com o Brasil, totalizando US$ 43 bilhões em bens e US$ 165 bilhões em serviços.
Além disso, os EUA são o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, sendo o destino de 12% das exportações brasileiras e a origem de 16% das importações. Eles são também o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira, representando 78,2% dessas exportações em 2024.

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