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Tarifas de Trump ao Brasil são mais barulho que efeito, avalia The Economist
A economia brasileira, que é relativamente fechada, dificilmente sofrerá um impacto grande com a tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos do Brasil.
Com a isenção de 700 itens anunciada pelos Estados Unidos, o impacto será ainda menor, conforme avalia a revista britânica The Economist, que classifica as tarifas como mais um ‘latido do que uma mordida’.
A publicação destaca que a maior economia da América Latina tem suas exportações representando menos de um quinto do PIB no último ano.
No México, por exemplo, as exportações equivalem a um terço do PIB, enquanto em países asiáticos como Vietnã e Tailândia esse índice chega a 70%. Atualmente, o Brasil é menos dependente das exportações para os EUA, enquanto os vínculos comerciais com a China se fortalecem.
Com as isenções vigentes, quase metade das exportações brasileiras para os Estados Unidos estará protegida, segundo estimativas da empresa de pesquisa TS Lombard, citada pela The Economist.
O banco Itaú Unibanco prevê que a tarifa efetiva aplicada ficará por volta de 30%, enquanto o Goldman Sachs manteve sua projeção de crescimento do PIB em 2,3% para 2023, considerando as isenções.
Setores como café, carne e frutas, que ficaram de fora das isenções, sentirão um impacto maior, com quedas nas exportações em meio à incerteza dos compradores para fechar novos contratos.
A revista menciona ainda a irritação de Trump diante do julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, aliado do americano, acusado de planejar um golpe. Segundo Trump, as tarifas seriam uma resposta a uma ‘caça às bruxas’.
O motivo da tarifa elevada, aponta a revista, não seria econômico, pois os Estados Unidos têm superávit na balança comercial com o Brasil.
O governo brasileiro não retaliou os Estados Unidos, e as declarações do presidente Lula defendendo a soberania nacional melhoraram sua popularidade. Lula desafiou Trump, afirmando que o Brasil não aceitará ser tutelado por potências estrangeiras nem se submeterá a um ‘imperador’ indesejado.
A diversificação dos mercados brasileiros é enfatizada pela The Economist, que observa a resiliência mesmo dos setores mais impactados. A União Europeia segue como o maior comprador do café brasileiro.
As vendas para regiões como Leste Asiático, Oriente Médio e Norte da África cresceram consideravelmente no ano anterior, assim como o comércio com a China, que já é o principal comprador da carne bovina do Brasil e aprovou em 2 de agosto a importação de produtos de 183 novas empresas brasileiras de café.
Ademais, o pacote de apoio prometido pelo governo a empresas exportadoras trará alívio adicional. Há ainda a expectativa de que as tarifas possam ser suavizadas, já que a alta dos preços nos Estados Unidos pode levar a Casa Branca a rever sua posição, conclui a The Economist.


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