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Taxista ‘Bob Marley’ corta os dreads após novas regras da Prefeitura de SP
Wagner Coraini estranhou o visual, mas acha mais apresentável. Entre as exigências, prefeitura quer traje social e higiene.
As novas regras de vestimenta e conduta dos taxistas de São Paulo inspiraram um motorista a realizar uma mudança que não fazia havia cinco anos. O taxista Wagner Coraini, de 33 anos, trocou os dreadlocks que cobriam suas costas e que lhe valeram o apelido de “Bob Marley” por tranças curtas e disciplinadas.
Na lista de recomendações à categoria, implementadas em 18 de janeiro pela Prefeitura, constam barbas e cabelos em ordem, mas não há referências sobre o penteado rastafári. Ainda assim, Wagner optou pelo novo corte. “Além das tranças combinarem mais com o traje social, acho que transmitem um visual mais limpo. Era muito cabelo”. “Incomodava um pouco quando eu estava de terno, inclusive. Mas usei por cerca de cinco anos, então estranhei no começo.”
Além da boa adaptação ao novo penteado, “Bob Marley”, que na verdade prefere Ivan Lins e Maria Rita ao reggae, disse não ter tido dificuldades com as demais solicitações. “Não vejo problemas sobre o uso do social. Muitas pessoas usam uniforme em seus trabalhos.”
Os motoristas da capital paulista devem vestir traje social ou esporte fino, e terno e gravata ou smoking, caso trabalhem na categoria táxi luxo.
Nos dias de folga, Wagner também prefere camisa social e mocassim. “Tenho 33 anos. Não sou mais moleque, né?”
Outra exigência na prestação do serviço é a disponibilidade de carregadores e máquinas de cartão aos passageiros. “Isso é baratinho. Com R$ 25 você consegue carregadores de celular na Rua 25 de Março”, indica “Bob Marley” com tranquilidade.
As únicas regras que considerou desnecessárias foram as referentes à cordialidade e ao bom senso nas conversas com os clientes, já excluídas pela Prefeitura. Para ele, a exigência foi exagerada. “Os 95% dos passageiros que entraram no meu táxi nos últimos dias acharam essa regra absurda. Temos limite. Se o passageiro está em silêncio, não vamos puxar assunto, mas há quem nos vê um pouco como psicólogos.”
Wagner Coraini é técnico em radiologia, mas trabalha no táxi há cerca de cinco anos em período integral em seu ponto na Praça Ragueb Chohfi, no Centro da cidade, por conta do retorno financeiro.
Considera sua profissão gratificante por ser uma “caixinha de surpresas”. “Presencio situações tristes, como acidentes de trânsito, mas também coisas engraçadas e constrangedoras, como quando levei uma senhora para flagrar a traição do marido em um bar”, conta.
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