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Teatro Container tenta acordo após perder prazo para saída

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O prazo de 90 dias estabelecido pela Justiça de São Paulo para que a Cia Mungunzá desocupasse o imóvel público ocupado pelo Teatro Container, localizado na região da Santa Ifigênia, centro da capital, terminou nesta segunda-feira (29/12). Contudo, o grupo ainda está em busca de um entendimento com a administração municipal para mudar de local.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o Termo de Acordo firmado com a companhia previa a retirada completa das estruturas até essa data e a realocação para outro local indicado pela gestão municipal. O Teatro Container informou ao Metrópoles que aceitou o novo endereço, mas declarou não ter condições financeiras para realizar a mudança.

A companhia relatou que tenta contato diariamente com a Prefeitura de São Paulo para solicitar auxílio na organização da mudança, mas até o momento não foi marcada uma data para diálogo.

“Esperamos que a desapropriação não ocorra de forma abrupta, gerando um grande impacto emocional e prejuízo para a cidade. São 18 anos de trajetória e construção”, declarou a companhia sobre a possibilidade de desapropriação.

A prefeitura emitiu nota dizendo que ofereceu apoio financeiro de R$ 100 mil para ajudar na desocupação, mas os responsáveis pelo teatro pediram R$ 2 milhões, valor considerado pela administração municipal como “incompatível”.

Notificação de despejo

O conflito iniciou em maio, quando artistas do Teatro Container receberam uma notificação extrajudicial com prazo de 15 dias para deixar o terreno.

Em setembro, a Justiça deu o prazo de 90 dias para a Companhia Mungunzá deixar o local na Rua dos Gusmões. “O grupo teatral age com irresponsabilidade ao criar obstáculos para a saída perto do prazo final”, afirmou a Prefeitura de São Paulo.

A gestão municipal também disse que pode tomar todas as medidas necessárias para garantir o cumprimento da decisão de desocupação.

Além do custo da mudança, a Cia Mungunzá está preocupada com o risco de novo despejo no endereço oferecido pela prefeitura, na Rua Helvétia, nos Campos Elíseos. O grupo solicitou cessão do terreno por 30 anos, mas a contraproposta foi por 2 anos.

“Nessas condições, estamos impossibilitados de avançar. Não podemos transferir o teatro para um local de onde possamos ser removidos a qualquer momento”, declarou a Cia em rede social.

“Durante todo o segundo semestre de 2025, buscamos diálogo e sensibilidade da gestão municipal sobre a importância do Teatro Container, mas encontramos inoperância, negativas unilaterais e um tratamento que nos colocou como infratores, mesmo após mais de dez anos de cooperação.”

Protesto e confronto

Em 19 de agosto, um protesto de artistas vinculados ao teatro terminou em confronto com a Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Vídeos mostram agentes da GCM usando escudos e spray de pimenta contra integrantes da companhia e manifestantes. Em uma das imagens, um agente aponta uma arma para um grupo que protestava.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem e questionavam a atuação da Prefeitura de São Paulo.

Disputa entre companhia e prefeitura

Em agosto, a Companhia Mungunzá recebeu notificação para deixar o local do Teatro Container, assinada pelo subprefeito da Sé, Coronel Salles. O prazo de 15 dias expirou em 21 de agosto.

Em maio, a companhia recebeu notificação da prefeitura alegando que “a área é estratégica para um novo programa habitacional”.

O terreno é público e ocupado pelo grupo desde 2016.

Na ordem de despejo, a prefeitura afirmou que pretende usar o espaço para habitação. A gestão do Ricardo Nunes (MDB) alegou ter oferecido imóveis alternativos ao teatro.

O grupo, por sua vez, afirmou ter sido pego de surpresa.

Em entrevista em maio, um dos artistas, Marcos Felipe, explicou que o teatro enfrenta desafios, mas sempre em diálogo com a prefeitura.

“Construímos o Teatro Container, que é referência e, ao longo de nove anos, já promoveu mais de 4 mil ações artístico-sociais”, relatou.

A prefeitura disse que a ação foi motivada pela desocupação de um imóvel ao lado do teatro, que estava interditado e será demolido. Segundo a prefeitura, o prédio foi invadido por pessoas que acessavam clandestinamente pelo terreno do teatro, necessitando intervenção das forças de segurança.

Artistas afirmaram que materiais do teatro estão guardados no prédio interditado.

Teatro Container

O espaço usado pela Companhia Mungunzá de Teatro foi construído com 11 contêineres marítimos e, em quase uma década, foi indicado para prêmios nacionais e internacionais.

Os artistas consideram injusto que em São Paulo haja muitos prédios e terrenos vazios enquanto a prefeitura escolhe desocupar um local dedicado à cultura e ao desenvolvimento social.

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