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Tensão na América Latina com угрозas dos EUA contra Venezuela
As ameaças feitas pelos Estados Unidos, sugerindo o uso de forças militares contra a Venezuela, geraram um clima de tensão em toda a América Latina e no Caribe devido ao risco de intervenção direta de um país estrangeiro no continente, algo que não ocorria desde a invasão norte-americana ao Panamá em 1989.
Essa possibilidade tem sido criticada por autoridades do México, Colômbia e Brasil. O presidente Nicolás Maduro afirmou que a Venezuela está preparada para se defender e ressaltou que uma intervenção teria efeito em toda a região.
Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais do Brasil, expressou preocupação diante do movimento das embarcações militares dos EUA em direção à costa venezuelana. Reforçou que a política externa brasileira é baseada no princípio da não intervenção, um valor histórico mantido mesmo durante o regime militar. Ele reiterou a importância da cooperação entre países para combater o crime organizado, rejeitando ações unilaterais.
Recentemente, veículos internacionais como Reuters e CNN relataram que os EUA mobilizam cerca de quatro mil soldados em três porta-aviões próximos à Venezuela, oficialmente para enfrentar o tráfico de drogas. Apesar disso, a movimentação é vista principalmente como demonstração de força.
O historiador e especialista em conflitos Rodolfo Queiroz Laterza alertou que uma eventual ação pontual norte-americana poderia desestabilizar politicamente toda a América Latina e o Caribe, acentuando a polarização existente nos países, incluindo o Brasil, o que ele considera um terreno favorável para insegurança geopolítica.
Posicionamento da Casa Branca
Embora a movimentação militar ainda não tenha sido confirmada oficialmente, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que o presidente Donald Trump está pronto para utilizar todo o poder americano contra a entrada de drogas no país. Ela classificou o governo de Maduro como um cartel de narcoterrorismo e enfatizou que ele não é considerado um presidente legítimo pelos EUA.
No início de agosto, o jornal The New York Times informou que Trump autorizou operações militares em países latino-americanos para combater o narcotráfico, interpretação que sugere possível intervenção direta dos EUA na região.
Além disso, o governo norte-americano dobrou o valor da recompensa para captura de Nicolás Maduro, acusado por eles de liderar um grupo narcotraficante denominado Cartel de los Soles.
Importância real do narcotráfico na Venezuela
Estudos apontam que a Venezuela tem participação limitada no tráfico de drogas rumo aos EUA. Pesquisa do Escritório de Washington para a América Latina (Wola) indicou que apenas 7% da cocaína que chega aos Estados Unidos passa pelo mar venezuelano, enquanto cerca de 90% trafega por rotas do Caribe Ocidental e do Pacífico Oriental.
Defesa da Venezuela e reações regionais
O governo venezuelano nega a existência do Cartel de los Soles, vendo as acusações como pretexto para justificação de intervenções. Maduro declarou que defenderá sua nação com a ajuda de militares e 4,5 milhões de milícias civis treinadas, chamando as ameaças de um império em decadência e firmando que qualquer invasão será enfrentada.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou que as ameaças não só afetam o país, como colocam em risco a estabilidade e a paz regional, incluindo a Zona de Paz da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), um espaço dedicado à soberania e cooperação entre as nações latino-americanas.
Segundo Rodolfo Queiroz Laterza, as Forças Armadas da Venezuela possuem equipamento razoável, mas são insuficientes para dissuadir um ataque direto dos Estados Unidos, destacando que a capacidade defensiva das forças armadas da América Latina é limitada perante o poder militar norte-americano.
Rejeição das ameaças por México e Colômbia
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, repudiou as ameaças, defendendo a cooperação regional contra o tráfico, mas rejeitando qualquer intervenção que viole a soberania dos países latino-americanos.
As tensões recentes entre Caracas e Bogotá, causadas por acusações políticas, foram minimizadas com a aproximação dos dois governos em resposta às ameaças externas. O presidente colombiano Gustavo Petro afirmou que a ideia de invasão dos EUA é uma ilusão, alertando para o risco de transformação da Venezuela numa situação semelhante à da Síria, incluindo impactos diretos para a Colômbia.

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