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Terminal de Brasília fará pouso e decolagens de forma simultânea
A capacidade de voos aumentará para 80 a cada hora, quase o dobro do segundo mais movimentado
O brasiliense terá, a partir de novembro, mais viagens disponíveis. As duas pistas do Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek começarão a funcionar de forma simultânea e independente, como se houvesse dois terminais na capital federal. A operação, inédita na América do Sul, aumenta a capacidade de pousos e decolagens, de 60 para 80 a cada hora. A quantidade é quase duas vezes maior em relação ao segundo colocado, o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, no qual até 48 voos podem acontecer no período de 60 minutos (leia Em operação).
Segundo a Inframerica, consórcio responsável pela administração do aeroporto brasiliense, o principal benefício será a maior variedade de voos nos horários de pico, em que quase toda a capacidade de pousos e decolagens é utilizada. Para isso, os controladores de voo serão capacitados. “A operação simultânea das pistas é segura, mas requer trabalho meticuloso, como se dois aeroportos estivessem sendo controlados ao mesmo tempo”, explica o assessor de Planejamento do Departamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente Cristian da Silveira.
Até setembro, os profissionais brasilienses participam de treinos práticos nos simuladores do Decea, em São José dos Campos, em São Paulo. “As aeronaves em aproximação paralela serão especialmente conduzidas e monitoradas até o pouso com um cuidado ainda maior pelos controladores de tráfego aéreo”, explica Cristian.
Para o presidente do Instituto de Transporte Aéreo do Brasil, Adyr da Silva, operações simultâneas e independentes devem ser acompanhadas de outras medidas para evitar atrasos e diminuir gastos. Segundo o especialista, ex-presidente da Infraero, é preciso explorar de maneira “mais inteligente” os terminais brasileiros. “Em Brasília, o avião anda muito até o ponto de decolar. Muitas vezes, contra o vento. Isso aumenta o gasto com o combustível, o tempo de espera — o que pode atrasar outros voos — e, consequentemente, esgota a paciência do passageiro”, observa. “Pistas independentes devem agilizar o processo, mas não podem ser a única medida a se tomar”, opina.
O advogado Alex Lindoso, 25 anos, viaja todas as semanas para Rio de Janeiro e São Paulo. Apesar de elogiar o aeroporto brasiliense, ele reclama do atraso “frequente” em voos por todo o país. “Nesta semana, o meu voo atrasou três horas em Campinas. A falta de comprometimento com o horário me irrita com frequência”, afirma. “No último ano, Brasília teve uma melhora. Na minha opinião, empata com Guarulhos e é muito melhor do que o Galeão.” Sobre as operações simultâneas, opina que, “se for para aumentar a agilidade no atendimento, é bem-vindo”.
O aeroporto de Brasília será pioneiro nesse tipo de operação por ser o único do país a ter duas pistas paralelas com distância de mais de 1,025km entre si, mínimo estipulado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Enquanto na capital federal esse número é de 1,8km, em Guarulhos — o terminal mais movimentado do país, com 108 mil passageiros por dia — a distância cai para 375m. No Galeão, que tem um fluxo de pessoas parecido com o de Brasília, as pistas se cruzam.
Outros continentes
As operações simultâneas e independentes em pistas paralelas acontecem em aeródromos da América do Norte, da Europa e da Ásia. Um deles é o Aeroporto Hartsfield-Jackson, em Atlanta (EUA), bastante utilizado por brasileiros que viajam para os Estados Unidos, no qual funcionam cinco pistas, sendo três ao mesmo tempo.
As operações em mais de uma pista ao mesmo tempo refletem na quantidade de passageiros. Enquanto Guarulhos recebeu 39,5 milhões no ano passado, mais de 96 milhões utilizaram o terminal norte-americano naquele período. Além dele, pousos e decolagens ocorrem simultaneamente no Aeroporto Internacional de Pequim, na China; no Heathrow, em Londres, na Inglaterra; e no Indira Gandhi, em Nova Délhi, na Índia.
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