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Texas acusa fabricantes do Tylenol de risco de autismo
O estado do Texas moveu uma ação judicial nesta terça-feira (28) contra as empresas Johnson & Johnson e Kenvue, alegando que o medicamento Tylenol, vendido para mulheres grávidas, apresenta risco potencial de causar autismo nas crianças.
Essa tese foi defendida pelo ex-presidente americano Donald Trump, embora tenha sido rejeitada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em setembro, Trump associou o paracetamol, ou acetaminofeno — princípio ativo do Tylenol, amplamente disponível nos Estados Unidos — a um maior risco de autismo em crianças, condição que afeta o desenvolvimento neurológico, comprometendo a comunicação e as interações sociais.
Trump desencorajou o uso do medicamento por gestantes e crianças, contrariamente à recomendação médica que o indica para aliviar dores durante a gravidez.
Seguindo essa linha, o procurador-geral do Texas e aliado de Trump, Ken Paxton, processou a Johnson & Johnson e a Kenvue por promoverem o Tylenol às gestantes, apesar do conhecimento de que a exposição precoce ao acetaminofeno eleva significativamente o risco de autismo e outros transtornos como o TDAH.
“Por décadas, a Johnson & Johnson ignorou intencionalmente e tentou calar evidências científicas que indicam que a exposição ao acetaminofeno durante a gravidez e primeira infância pode causar autismo e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)”, afirmou Paxton.
A Johnson & Johnson esclareceu por meio de seu porta-voz que já vendeu seu segmento de saúde ao consumidor, transferindo os direitos e responsabilidades sobre a comercialização do Tylenol para a Kenvue.
A Kenvue declarou que vai se defender firmemente contra as acusações, que considera sem base legal e científica, e manifestou sua profunda preocupação com a disseminação de informações incorretas sobre a segurança do acetaminofeno.
“O acetaminofeno é considerado o analgésico mais seguro para mulheres grávidas quando necessário durante toda a gestação. Sem essa opção, as gestantes enfrentam riscos ao sofrer febre, o que pode prejudicar mãe e bebê, ou recorrer a alternativas potencialmente mais perigosas”, destacou a Kenvue.
Após as declarações do ex-presidente Trump, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não há evidências sólidas que comprovem ligação entre o paracetamol ou vacinas e o autismo.
“Alguns estudos indicaram uma possível associação entre a exposição pré-natal ao paracetamol e o autismo, mas os resultados são inconsistentes”, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.
Ele destacou que diversas pesquisas não encontraram relação desse tipo e pediu cautela antes de concluir qualquer relação de causa e efeito.

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