Trem entre São Paulo e Campinas enfrenta desafio para instalar trilhos

O Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, que conectará São Paulo a Campinas por via férrea, enfrenta um grande desafio: a instalação de quatro trilhos ao longo do percurso, onde atualmente existem apenas dois. Este trabalho será realizado em um trecho urbanizado, mantendo o funcionamento dos trens de passageiros e cargas.

De acordo com a assessoria da TIC Trens, empresa responsável pela ferrovia, a linha existente liga a capital a Campinas, passando por Jundiaí, Vinhedo e Valinhos, utilizando principalmente a linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), onde também trafega o trem de carga. O desafio principal é construir a nova linha do TIC Eixo Norte entre a cidade do interior e a estação Água Branca.

O projeto inclui pontos de ultrapassagem chamados sidings ou desvios, que permitirão o cruzamento dos trens durante toda a operação do TIC, utilizados tanto no horário de pico quanto em outras operações comerciais. Além disso, estão previstos túneis na região de Botujuru.

O trem percorrerá 101 quilômetros a uma velocidade média de 96 km/h, realizando a viagem direta em aproximadamente 64 minutos até a Estação Campinas. O projeto contará com três estações. As obras estão previstas para iniciar em 2026 e se estenderão por cinco anos, com investimento total estimado de R$ 14,2 bilhões visando atender cerca de 15 milhões de habitantes em 11 municípios paulistas.

Após a implantação, a estimativa é atender 49 mil passageiros por dia, com passagem média em torno de R$ 50, podendo variar conforme a categoria do serviço.

Novo ponto de partida do trem

Originalmente planejado para partir da Estação Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, o governo estadual estuda transferir o início do trajeto para a Estação Água Branca, da linha 7-Rubi da CPTM. As duas estações ficam próximas, porém a Água Branca está em processo de ampliação.

A Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) informa que a alteração integra o projeto de expansão da Estação Água Branca, que será um dos principais centros de mobilidade do estado.

Ampliação da Estação Água Branca

• Na primeira fase, ocorrerá a integração da Linha 6-Laranja com a Linha 7-Rubi, prevista para o segundo semestre de 2026.
• A segunda fase envolve a conexão com as Linhas 8-Diamante, 9-Esmeralda e o TIC Campinas.
• A terceira fase preparará a integração com a Linha 3-Vermelha e o TIC Sorocaba.

A ideia é que a Água Branca seja um importante ponto de conexão com a nova Linha 6-Laranja do metrô, as linhas 8-Diamante, 9-Esmeralda da CPTM, e o trem intercidades de Sorocaba. A SPI planeja investir R$ 1,3 bilhão nas obras realizadas pela concessionária TIC Trens.

Leilão com único participante

A construção do trem intercidades foi adjudicada em fevereiro de 2024 ao consórcio C2 Mobilidade, formado pela fabricante chinesa de trens CRRC e a empresa Comporte Participações. A empresa foi a única interessada no leilão realizado na B3.

O consórcio ofereceu um desconto simbólico de apenas 0,01% sobre o valor proposto pelo governo para operar o serviço. Do investimento total de R$ 14,5 bilhões, o governo assumirá cerca de R$ 8,5 bilhões, com recursos próprios e financiamento do BNDES, cabendo ao consórcio investir os outros R$ 5 bilhões.

O governo prevê ainda um pagamento adicional de R$ 8 bilhões ao longo dos 30 anos de concessão. O vencedor do leilão seria aquele que oferecesse o maior desconto sobre esse valor. Como único interessado, C2 Mobilidade apresentou o desconto mínimo, de 0,01%.