Economia
Trump ameaça o Brics, mas membros reforçam busca por independência

A ameaça do presidente americano, Donald Trump, de aplicar uma tarifa extra de 10% a países aliados do Brics “não impacta o grupo”, segundo o assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embaixador Celso Amorim, que afirmou ao Globo que isso fortalece a determinação dos membros e parceiros do bloco de seguir seu caminho com mais autonomia.
No governo brasileiro, não há intenção de conflito com Trump, segundo fontes oficiais. Pelo contrário, a estratégia é mostrar um “Brics pacífico e harmonioso”.
Para o embaixador Amorim, “o Brics está liderando a agenda mundial”.
Ele destacou ainda a presença de líderes dos principais órgãos internacionais na cúpula no Rio, citando o secretário-geral da ONU, da Organização Mundial do Comércio e da Organização Mundial da Saúde. Também mencionou que o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Novo Banco de Desenvolvimento tendem a substituir o FMI e o Banco Mundial.
Durante os discursos da manhã de segunda-feira, o tema das ameaças de Trump não foi abordado. As principais pautas foram mudanças climáticas e saúde. Segundo fonte oficial, “as ameaças de Trump não influenciaram a cúpula. A vida segue aqui”.
Se houve algum efeito, foi o de “realçar o Brics como um grupo mundial relevante”.
Alguns membros do Brics comentaram as declarações de Trump. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reafirmou que o Brics é um conjunto de países que compartilham uma visão comum de cooperação baseada em seus interesses.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, ressaltou que guerras comerciais não têm vencedores e que o protecionismo não é o caminho.
Sobre as palavras de Trump, fontes do governo brasileiro indicam que o presidente Lula só vai comentar após a cúpula, numa coletiva, se questionado, mantendo um tom conciliador.

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