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Trump critica fome em Gaza e responsabiliza Israel pela crise

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (28) discordar do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que negou a existência de fome na Faixa de Gaza, apesar das imagens de crianças palestinas visivelmente desnutridas terem sido divulgadas recentemente.

“Pelas imagens que vi na televisão, parece que essas crianças estão realmente com muita fome”, declarou Trump, em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, em Turnberry, Escócia.

Trump ressaltou que Israel carrega grande parte da responsabilidade pela grave situação humanitária em Gaza, mesmo mencionando que o grupo terrorista Hamas teria desviado ajuda humanitária — uma acusação rejeitada por oficiais do Exército israelense em declarações ao New York Times.

Ele comentou que pressionará Netanyahu na próxima conversa para que haja um aumento significativo da ajuda alimentar nas áreas afetadas. “Quero garantir que todos recebam alimento suficiente”, destacou Trump.

Essas declarações evidenciam uma divergência recente entre o presidente americano e o líder israelense.

No domingo, Netanyahu afirmou em evento em Jerusalém que não há fome em Gaza e negou que Israel esteja aplicando uma política de privação alimentar no território palestino.

De acordo com dados da ONU, na semana passada, mais de 50 palestinos morreram devido à inanição. Cerca de 100 mil entre os 2,1 milhões de habitantes de Gaza enfrentam desnutrição severa, e 500 mil não têm acesso diário a alimentos.

Medidas recentes

As declarações do presidente americano vieram após a divulgação de imagens impactantes que refletem o agravamento da fome em Gaza, com crianças e bebês malnutridos e adultos em desespero pela falta de comida.

Durante a coletiva, Trump anunciou que os Estados Unidos irão estabelecer pontos de distribuição alimentar, não entrando em detalhes adicionais.

Sob pressão internacional, o Exército de Israel iniciou, no final de semana, lançamentos aéreos de ajuda e pausas pontuais nos combates em áreas densamente povoadas de Gaza, para facilitar a distribuição da assistência.

A ONU acusou o Exército israelense de ter causado mais de 1000 mortes entre pessoas que tentavam acessar ajuda humanitária desde o fim de maio, principalmente nas proximidades da Fundação Humanitária de Gaza, que recebe apoio de Israel e EUA.

Israel responsabilizou a ONU e outras organizações por falhas logísticas no envio da ajuda, enquanto a ONU apontou que obstáculos burocráticos criados por Israel dificultam a operação.

Oficiais israelenses também alegam que o Hamas estaria desviando a ajuda humanitária, mas relatos recentes do New York Times indicam falta de provas dessa prática sistemática.

Acusações de genocídio

A crise humanitária em Gaza gerou mais preocupação após duas renomadas organizações israelenses de direitos humanos — B’Tselem e Médicos pelos Direitos Humanos—Israel — afirmarem que Israel estaria praticando genocídio no território.

Essas acusações, feitas pela primeira vez por grupos liderados por judeus israelenses, foram levantadas nesta segunda-feira.

Guy Shalev, diretor da organização Médicos pelos Direitos Humanos—Israel, enfatizou que costuma ser difícil para o público israelense reconhecer tais alegações sem considerá-las tendenciosas ou antissemitas. “Espero que nossos informes ajudem a sociedade a enxergar a realidade”, declarou.

O governo de Tel Aviv defende que está em uma guerra defensiva e cumpre normas do direito internacional, negando as denúncias e alegando que são motivadas por antissemitismo.

Relatórios das organizações destacam que a destruição abrangente e sistemática na região não pode ser justificada pelas alegações israelenses de presença de terroristas em locais civis ou médicos, frequentemente apresentadas sem evidências.

As duas organizações basearam seus documentos em depoimentos diretos, evidências, testemunhas oculares e consulta com especialistas jurídicos, apesar de não terem tido acesso à Gaza durante o conflito.

O relatório dos Médicos pelos Direitos Humanos—Israel aponta que ações israelenses infringiram critérios internacionais de genocídio, incluindo a imposição de condições de vida com a intenção de provocar a destruição física do grupo.

Shalev confessou a dor pessoal ao chegar a esta conclusão, mencionando sua história familiar ligada ao Holocausto.

(Com informações da The Associated Press)

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