Trump sinaliza abertura para conversar com Lula, diz Itamaraty

A declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última sexta-feira (1º), afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode falar com ele "quando quiser", foi considerada um sinal positivo pelo Itamaraty.

Apesar do otimismo, o governo brasileiro está cauteloso e aguarda possíveis avanços em negociações comerciais, especialmente relacionadas a tarifas que podem impactar o Brasil.

Trump afirmou seu apreço pelo povo brasileiro, mas criticou os líderes do país afirmando que "fizeram coisa errada". Quando questionado sobre uma possível conversa com Lula, ele disse: "Ele (Lula) pode falar comigo quando quiser."

Fontes do Itamaraty indicam que a possibilidade do primeiro contato direto entre os presidentes pode ter sido viabilizada após a reunião do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, a primeira desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.

Um telefonema entre os presidentes exige um preparo cuidadoso, considerando as questões delicadas na relação bilateral e o receio do tratamento que Lula poderá receber de Trump, que já demonstrou falta de respeito a líderes internacionais como Volodymyr Zelensky e Cyril Ramaphosa.

Logo após a eleição de Lula, Trump não respondeu à carta de felicitações do presidente brasileiro, assim como Rubio não respondeu a uma mensagem do chanceler Mauro Vieira.

O encontro entre Mauro Vieira e Rubio pode ser um passo para reabrir os canais diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos, o que facilitaria negociações comerciais para evitar uma sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras, prevista para começar em breve.

O governo brasileiro trabalha para evitar que questões comerciais sejam misturadas com a situação política envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump demonstrou interesse na interrupção de processos contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e aplicou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, atitude vista como interferência em assuntos internos e desrespeito à soberania do Brasil.