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Trump usa sanções contra Brasil como pressão política focada no Brics

A tarifa comercial de 50% imposta pelos Estados Unidos (EUA) ao Brasil, a ser implementada a partir de 1º de agosto, é uma medida econômica usada como pressão política. O objetivo é impactar o Brics e proteger as empresas de tecnologia americanas, conhecidas como big techs, além de tentar influenciar o cenário político e judicial brasileiro.
O Professor Doutor Pedro Linhares Rossi, do Instituto de Economia da Unicamp, analisa que essa decisão do presidente americano não tem base econômica.
Especialistas indicam que a medida não se justifica comercialmente, visto que a economia brasileira não representa um problema para o déficit comercial dos EUA, como alegado falsamente por Trump. O Brasil, apesar de importante em alguns setores, tem pouca relevância para a economia americana.
Pedro Rossi destacou que a medida é mais uma expressão de política do que de comércio e serve como um instrumento de chantagem.
Dados oficiais americanos mostram um superávit comercial com o Brasil que aumentou 31,9% em 2024, atingindo US$ 7,4 bilhões para Washington, números maiores que os apresentados pelo governo brasileiro devido a diferentes métodos de cálculo.
Brics
Trump justificou as tarifas alegando déficit comercial insustentável causado pelo Brasil, o que contradiz os próprios relatórios dos EUA que indicam que o último déficit foi em 2007.
Pedro Rossi acredita que a tarifa não tem relação com a balança comercial, mas sim com uma reação política à Cúpula do Brics e ao papel crescente do Brasil internacionalmente.
Camila Feix Vidal, professora de relações internacionais da UFSC, aponta que a decisão teve um claro tom político visando interferir no sistema jurídico brasileiro.
Trump também saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta acusações no Brasil, mostrando apoio político através da medida tarifária.
Relações comerciais e direito internacional
Luiz Carlos Delorme Prado, professor da UFRJ, explica que o direito internacional não permite a aplicação unilateral de tarifas para fins políticos e que o comportamento dos EUA desconsidera regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Trump alega que as tarifas brasileiras são injustas e que sua tarifa de 50% é menor do que a necessária para igualar as condições comerciais. Estudos apontam que as tarifas são fruto de negociações históricas do pós-guerra, refletindo diferentes níveis de desenvolvimento entre os países.
Pedro Rossi destaca que déficits comerciais são normais e decorrem da especialização econômica, sem implicar necessariamente em justiça ou injustiça.
Resposta do Brasil
Os analistas concordam que o Brasil deve responder utilizando a Lei de Reciprocidade, rejeitando ações unilaterais e abusivas dos EUA, sempre buscando negociação apesar da assimetria de poder.
Camila Vidal acredita que a ação de Trump pode unir diferentes grupos políticos no Brasil em defesa da soberania nacional, ressaltando a importância do patriotismo.
Pedro Rossi vê a situação como uma oportunidade para o Brasil diversificar parcerias internacionais, fortalecer laços com outras regiões, fortalecer o setor industrial nacional e reduzir a dependência dos EUA.
Essa estratégia pode favorecer o desenvolvimento nacional e fomentar integração com o Brics e outros parceiros globais, isolando os Estados Unidos nessa questão.

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