Mundo
Turistas fogem da onda de calor em Roma

São 9h30 e o termômetro já ultrapassa os 30 graus em frente às Catacumbas de São Calisto. Olivia Ansari, que está de férias na Itália com sua família, é uma dessas turistas que alteram seus planos para evitar o calor, começando a explorar Roma muito cedo, muito tarde… ou no subsolo.
A advogada de 32 anos, que viaja com a mãe e a tia, afirma claramente: “Se fosse possível, adiaríamos nossa viagem, mas todas as reservas já tinham sido feitas”.
Por isso, elas se ajustam. “Agendamos nossa visita inicial para as 7h30 e retornamos para casa antes do meio-dia, saindo novamente por volta das 16h ou 17h”, conta à AFP, sentada em um banco de pedra à sombra ao lado de sua tia, que aparenta estar exausta com o calor intenso.
Essas neozelandesas, que normalmente jantam cedo, optam por ir aos restaurantes somente por volta das 21h durante a estada em Roma, acrescenta Ansari, antes de explorar o vasto cemitério subterrâneo dedicado a São Calisto, onde a temperatura se mantém constante em cerca de 15 graus durante o ano todo.
Cerca de 300.000 visitantes aproveitam o verão para explorar as diversas criptas, cavernas e catacumbas espalhadas pela Itália.
Perto dali, no centro de Roma, Rafael Falcão acaba de sair da cripta dos Capuchinhos, na famosa Via Veneto.
O brasileiro de 42 anos também mudou seus planos: “Ontem alugamos um carro pequeno para passear pela cidade porque o calor estava forte demais para caminhar”.
Junto com sua esposa, ele tenta organizar algumas visitas noturnas, às vezes sem sucesso.
“Para ir ao Coliseu à noite, é preciso um ingresso especial (…). Não conseguimos comprar”, lamenta.
Ao meio-dia, o calor extremo torna o ambiente interno do anfiteatro mais famoso de Roma insuportável. Para escapar disso, Patricia Kolodziej, uma polonesa de 41 anos residente no Reino Unido, escolheu o último horário disponível do dia, ao entardecer.
Ela está em Roma por alguns dias com a família, incluindo sua neta de menos de dois anos, e admite que com esse calor, “não é possível fazer tudo com ela”.
“Certamente, optamos por mais visitas à tarde e passamos boa parte do dia em um parquinho à sombra”, destaca.
A poucos passos, uma turista asiática, que prefere não se identificar, parece estar à beira de um desmaio, com a testa suada: “Viemos de propósito mais tarde, mas não adianta. Lá fora faz quase 40 graus”.
As poucas visitas noturnas ao Coliseu, disponíveis somente dois dias por semana, com ou sem ondas de calor, se tornaram bastante procuradas.
Essas “Noites no Coliseu” oferecem uma experiência exclusiva, com acesso ampliado à arena e aos subterrâneos, mas são caras (quase 60 dólares por pessoa) e os ingressos esgotam rápida e facilmente.
Muitos outros locais em Roma, como o Circo Máximo, e em outras regiões da Itália, por exemplo o parque arqueológico de Herculano perto de Nápoles, têm incrementado as atividades noturnas.
A plataforma Booking.com prevê que o “turismo noturno” será uma tendência para este ano, impulsionado pelo aquecimento global e pelo grande fluxo de visitantes.
Madison Thibert, uma americana vinda da Dakota do Norte, está entre os poucos que conseguiram ingressos para a “Noite no Coliseu”. Com seu namorado, aguarda o guia para a visita das 20h, ansiosa para ver a luz da lua iluminando as pedras antigas.
“Acordamos muito cedo, visitamos o Vaticano e depois tiramos uma soneca. Agora acabamos de sair”, conta a jovem sorridente, que trabalha em um bar, assim como o namorado.
“Dormimos até as três da madrugada”, diz entre risos, descrevendo uma noite encantadora pela Cidade Eterna.
“Vimos a Fontana di Trevi sem a multidão de turistas que esperam sob o sol escaldante para tirar fotos”, recorda. “Fomos de skate. O local estava tranquilo, quase vazio, e o calor era muito menor”.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login