O aplicativo de transporte Uber começa hoje uma batalha judicial em Londres para recuperar sua licença de operação, revogada em setembro do ano passado. Enquanto aguarda a decisão do recurso, o Uber pode continuar operando na cidade, um dos seus mercados mais lucrativos na Europa, com 3,5 milhões de usuários.
A Transport for London, autoridade local responsável pela concessão de licenças, negou o visto ao Uber sob o argumento de “falta de responsabilidade corporativa”, incluindo falhas em lidar com denúncias de crimes sérios e checar antecedentes de motoristas. Com a nova gestão do presidente Dara Khosrowshahi, à frente do Uber desde agosto de 2017, o tom mudou dentro da empresa: agora, a palavra de ordem é se desculpar sobre a postura de antes e tentar chegar a termos com autoridades locais, mostrando o Uber como uma corporação cidadã.
Para isso, em Londres o Uber lançou uma linha de suporte oficial, aplicou horas de trabalho limite para os motoristas e publicou mais dados sobre a companhia. A ideia é convencer os legisladores de que o Uber é mais responsável do que a época em que era comandada por Travis Kalaniack e que deixou para trás os escândalos do passado, como vazamentos de dados, cultura sexista e embates com órgãos públicos.
Se o Uber luta para conseguir ficar no mercado londrino, encara problemas em outros países: nos Estados Unidos, cidades como Nova York estão preocupadas com a atuação de aplicativos, depois que suicídios de taxistas foram reportados. No sudeste asiático, a companhia enfureceu parceiros, motoristas e reguladores ao vender as operações em 8 países — uma tentativa de cortar custos para arrumar a casa antes de um prometido processo de abertura de capital. Por aqui, os aplicativos como Uber foram regulados em legislação sancionada pelo presidente Michel Temer no final de março.
Para especialistas, o julgamento do Uber em Londres é um dos grandes testes para Khosrowshahi e a nova abordagem da empresa. A decisão irá mostrar se as autoridades estão dispostas a aceitar o modelo do Uber com algumas concessões ou se o problema está nos fundamentos da companhia. Veja também: Afinal, por que tantos negócios copiam o modelo do Uber?
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