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UE aprova proteção reforçada para agricultores contra acordo com Mercosul

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O Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira medidas rigorosas para proteger os agricultores da União Europeia diante do acordo de livre comércio com os países do Mercosul. Essa decisão técnica é essencial para a finalização do acordo histórico.

As salvaguardas foram adotadas com 431 votos favoráveis e 161 contrários e incluem um monitoramento dos efeitos em produtos sensíveis como carne bovina, aves e açúcar, além da possibilidade de reintroductão de tarifas caso o mercado seja desestabilizado.

Essas medidas visam resguardar os negócios locais do setor agroalimentar contra mudanças abruptas nas importações ou preços — uma resposta às preocupações expressas principalmente por França, Itália e outras nações em relação ao maior acordo já negociado pela União Europeia.

Deputados europeus e representantes dos países-membros estão acelerando a conclusão do pacto com o Mercosul — composto por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai — com expectativa de assinatura em cerimônia prevista para o sábado, dia 20, no Brasil. No entanto, as salvaguardas podem não ser suficientes para garantir o aval da França.

O governo francês solicitou que a assinatura do acordo seja adiada para o início do próximo ano. A Itália, cujo apoio é fundamental, ainda não definiu sua posição final, mas já indicou anteriormente que um acordo com proteções agrícolas adequadas poderia ser aceito.

Não concluir o acordo neste momento poderia comprometer duas décadas e meia de negociações e afetar a credibilidade da União Europeia perante seus parceiros, alertaram autoridades e diplomatas do bloco.

Agora que o Parlamento estabeleceu suas salvaguardas para o Mercosul, o passo seguinte é harmonizá-las com as medidas recentemente aprovadas pelos Estados-membros, possivelmente já na quarta-feira. Caso isso ocorra, os governos poderão autorizar a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a formalizar o acordo neste fim de semana no Brasil.

Entretanto, ainda não há apoio suficiente entre os países para garantir a aprovação do pacto, segundo uma autoridade alemã que preferiu não se identificar devido à sensibilidade das negociações.

Líderes da União Europeia estarão reunidos em Bruxelas nesta quarta-feira para a cúpula anual de fim de ano, onde o tema será debatido. Milhares de agricultores também devem protestar na capital belga contra o acordo.

O acordo com o Mercosul busca criar um mercado comum de 780 milhões de consumidores, impulsionando o setor industrial europeu e facilitando o acesso aos vastos recursos agrícolas da América do Sul.

Além disso, o pacto ajudaria ambos os blocos a reduzir a dependência comercial dos Estados Unidos, especialmente após a imposição de tarifas globais pelo presidente Donald Trump.

Se o acordo não for concluído, as perdas econômicas impactarão principalmente os países do Mercosul, pois eles teriam maiores benefícios potenciais com a implementação do pacto, conforme relatório da Bloomberg Economics elaborado por Antonio Barroso e Jimena Zuniga.

Mesmo assim, o fracasso representaria um revés geopolítico para a União Europeia, dificultando a abertura de novos mercados e a resistência às tarifas americanas. O continente também perderia uma ferramenta estratégica para avançar seus interesses na América Latina, em um contexto onde a China intensifica sua influência na região.

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