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Saúde

Um dia de sonho: paciente do HCB com fibrose cística tem aula de medicina

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Fábio Dantas Júnior, de 15 anos, teve a chance de deixar por um momento a doença de lado e conhecer um pouco mais da profissão que mais lhe encanta

Fábio Dantas Júnior
(foto: Carlos Andrade Filho/Assessoria Hospital da Criança)

Agulhas, remédios, luzes brancas e extremo silêncio. Para muitos pacientes, a rotina dentro de um hospital pode ser um verdadeiro desafio, ainda mais se essa “rotina” ultrapassar vários anos e for aplicada aos mais jovens. Convivendo com a fibrose cística desde que nasceu, Fábio Dantas Júnior, 15 anos, é um verdadeiro vencedor, e agora teve a chance de deixar a rotina de internações no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) para ter um dia aprendendo mais sobre a profissão que lhe chama a atenção em uma aula prática de medicina.

A ideia foi simples, mas revolucionária: levar o jovem do hospital para a sala de aula de medicina de uma universidade. A ação ocorreu nesta terça-feira (24/9) e foi colocada em prática pela médica pneumologista Luciana Monte, que acompanha o tratamento de Fábio desde a infância.

A profissional leciona na Universidade Católica de Brasília e convidou Fábio para ver, na prática, as ações do cotidiano médico: “A gente foca muito em realização de sonhos, e um dos sonhos do Fabinho era ser pediatra e trabalhar com a gente. Ele é um menino muito aplicado, faz questão de não faltar aula e sempre se destacar na escola, apesar de todos os problemas da doença. Quando eu falei sobre isso para a gestão da universidade, eles me deram essa possibilidade de levar o Fabinho sem problemas, então levamos ele para o laboratório de treinamento de alguns procedimentos médicos em bonecos. Todos os professores apoiaram e o hospital (HCB) também deu essa abertura”.

Na aula, o garoto aprendeu mais sobre a entubação, praticou pontos cirúrgicos e puncionou veias. Na prática, foi a chance de ele colocar a doença em segundo plano, mesmo que por um dia.

Um jovem sonhador

Ao Correio, Ranielle Dantas, mãe de Fábio, explicou um pouco mais sobre o cotidiano do filho com a fibrose cística: “É uma doença genética que acomete vários órgãos, como o pulmão, o intestino. No caso do Fábio, o acometimento foi mais pulmonar. Ele teve pneumonia, e a vida dele sempre foi muito no hospital em casa. Há uns dois meses ele foi internado, e quando saiu precisou voltar.”

O garoto estuda o 1º ano do ensino médio no Instituto Federal de Brasília (IFB), no campus de Ceilândia, onde a família mora, e faz questão de não faltar as aulas, mesmo com a condição médica. Perto da formatura, a difícil escolha sobre o que fazer do futuro profissional já está batendo à porta de Fábio. Entretanto, para o jovem, a escolha parece ter sido mais fácil do que para a maioria dos jovens de 15 anos.

“Desde pequeno, ele sempre falou que seria pediatra e a doutora Luciana convidou ele para fazer uma aula. |Ele topou na hora e hoje ela levou ele e ele amou. Não tem ninguém da familia (que é médico). Acho que a maior inspiração (dele) são as médicas do hospital mesmo, ele convive com elas há muito tempo, então é fácil ter essa ligação e inspiração”, contou Ranielle.

Qualidade de vida

Mais do que as tradicionais internações, o HCB destaca importante parâmetro para o tratamento de pacientes: a qualidade de vida, como aponta Luciana: “Tão importante quanto diagnosticar é focar na qualidade de vida. A gente não pode limitar a medicina só a patologia, precisamos muito pensar em qualidade de vida. As pessoas vivem muito tempo com várias doenças crônicas. A gente precisa não só fazer a parte técnica e essa mudança de paradigma faz uma diferença enorme. Hoje, no HCB, esse é o nosso lema e o que ocorreu nesta terça-feira (24/9) foi uma prática muito importante especialmente para os meus alunos na sala de aula, que perceberam a importância do cuidado com o paciente.”

Para a mãe do jovem, a liberdade de um tratamento mais humano faz toda a diferença para as crianças, e já é uma marca do hospital: “Eu acho que, para toda a criança que está no hospital, o mundo deles é um pouco diferente das outras crianças, e esses momentos de descontração se tornam um momento muito mágico, de ‘meu Deus eu estava no hospital me sentido mal e agora estou aqui melhor. O hospital proporciona isso para várias crianças, eles tentam fazer as crianças serem crianças mesmo e ter essa humanidade. Isso é muito importante porque se a criança tem essa sensação de normalidade as chances de recuperação são maiores.”

 

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