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Saúde

Uma xícara de café por dia ajuda a produção de ”gordura boa”, diz estudo

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A bebida estimula o trabalho da gordura marrom, elemento do corpo que produz calor usando açúcar e outros tecidos adiposos. A descoberta feita por cientistas britânicos poderá ser explorada no desenvolvimento de estratégias de combate à obesidade

Apenas uma xícara é suficiente para ativar o tecido que favorece o emagrecimento: cientistas procuram o composto responsável pelo efeito
(foto: Antonio Cunha/CB/D.A Press)

Uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo pode auxiliar no combate à obesidade. Pesquisadores ingleses concluíram que uma xícara de café é suficiente para estimular a gordura marrom do corpo, que tem papel fundamental na queima de calorias. Detalhes da descoberta foram publicadas na revista especializada Scientific Reports e, segundo os autores do artigo, poderão ajudar em estratégias de combate ao acúmulo de peso.

A pesquisa é uma das primeiras a mostrar o efeito direto de um elemento externo sobre as funções do tecido adiposo marrom (BAT, em inglês), também conhecido como gordura marrom. Trata-se de um dos dois tipos de gordura encontrados em humanos e em outros mamíferos. Inicialmente, acreditava-se que o BAT existia apenas em bebês e em animais hibernando. Recentemente, foi detectada a presença dele também em adultos.

A função desse tecido adiposo é gerar calor corporal queimando calorias, em oposição à gordura branca, que é resultado do armazenamento de calorias em excesso. “A gordura marrom funciona de maneira diferente, produz calor queimando açúcar e gordura. Muitas vezes, em resposta ao frio”, explica, em comunicado, Michael Symonds, professor da Escola de Medicina da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, e um dos autores do estudo científico.

Symons explica que o aumento da atividade da gorduram marrom melhora o controle do açúcar e dos níveis de lipídios no sangue, e as calorias extras queimadas ajudam na perda de peso. Até agora, porém, ninguém havia encontrado uma maneira aceitável de estimular a atividade dessa gordura em humanos. No estudo, os cientistas realizaram uma série de análises com células-tronco para verificar se a cafeína teria esse efeito. A equipe confirmou a hipótese, encontrou a dose que considerava certa e investigou nos testes em humanos.

Os cientistas recorreram a uma técnica de geração de imagens térmicas para rastrear as reservas de gordura marrom no corpo dos voluntários. O exame não invasivo, usado de forma inédita em um trabalho anterior do grupo, ajudou na localização da gordura e na avaliação da sua capacidade de produzir calor. “Por causa do nosso trabalho anterior, sabíamos que a gordura marrom está localizada principalmente na região do pescoço. Por isso, fomos capazes de monitorar indivíduos logo após eles tomarem café e ver se a gordura marrom ficou mais quente”, detalha Symonds.

Cafeína

O efeito esperado foi confirmado, mas os pesquisadores acreditam que mais estudos ajudarão a entender melhor a relação entre a bebida e a gordura marrom. “Os resultados foram positivos e, agora, precisamos verificar se é a cafeína, um dos ingredientes do café, que está agindo como estímulo ou se existe outro componente da bebida que ajuda na ativação da gordura marrom. Atualmente, estamos estudando os suplementos de cafeína para testar se efeito é semelhante”, diz Symonds. “Uma vez que tenhamos confirmado qual componente é responsável, ele poderá ser usado como parte de um regime de controle de peso ou de um programa de regulação da glicose para ajudar a prevenir o diabete”, cogita.

Allan Ferreira, nutrólogo do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, também acredita que é preciso decifrar quais  substâncias causam os efeitos detectados nos testes com os voluntários. “Precisamos saber se é a cafeína que age dessa forma positiva porque existe uma série de outras moléculas no café que podem causar esse efeito. Apenas assim teremos a capacidade de usar essa informação em estratégias de emagrecimento”, explica.

O especialista acredita que o estudo científico utiliza um método de investigação extremamente interessante, principalmente por conta da metodologia empregada. “Nesse caso, ela foi bastante detalhada. Primeiro, com uma análise in vitro e, apenas depois, em exames in vivo. O número de indivíduos analisados foi pequeno, apenas nove pessoas, mas, ainda assim, conseguimos ver detalhes interessantes”, pondera.

Para Allan Ferreira, o estudo também se destaca por buscar decifrar quais os mecanismos que fazem com que o café interfira na gordura marrom. “Atualmente, muitas pessoas usam o café para perder peso, como antes de malhar, mesmo sem saber de que forma ele ajuda no processo de emagrecimento”, ilustra.

O nutrólogo ainda chama a atenção para o ato de haver limite na ação da cafeína sobre o corpo. Ao ser usada continuamente por mais de oito semanas, a substância pode perder seu efeito. Essa reação, segundo ele, é um obstáculo a ser vencido pelos pesquisadores britânicos. “Isso ocorre porque se perde um equilíbrio. Por isso, não podemos supor que esse resultado visto no estudo se mantenha. Existe a possibilidade de ele parar de funcionar, reforçando, assim, a necessidade de continuar estudando o tema”, observa Allan Ferreira.

“Uma vez que tenhamos confirmado qual componente (do café) é responsável, ele poderá ser usado como parte de um regime de controle de peso ou de um programa de regulação da glicose”, Michael Symonds, professor da Escola de Medicina da Universidade de Nottingham e um dos autores do estudo científico.

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