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Uruguai confirma vitória de Pou e marca transição política na região

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Além do Uruguai, Argentina e Bolívia vivem transição de poder, enquanto Colômbia e Chile aprovam projetos para tentar conter protestos populares

Lacalle Pou: reunião com a Frente Ampla para começar a tratar de transição de poder (Andres Cuenca/Reuters)

São Paulo — O presidente eleito do Uruguai, Luis Lacalle Pou, do partido Nacional, terá uma reunião nesta sexta-feira com o candidato derrotado no segundo turno, Daniel Martínez, da Frente Ampla, num encontro simbólico para iniciar os trabalhos de transição no país.

Depois de 15 anos governando o Uruguai, a Frente Ampla deixará o poder no dia 1 de março, data da posse de Lacalle Pou. A transição legislativa deve começar na terça-feira, numa reunião entre a atual vice-presidente, Lucía Topolansky, e sua sucessora, Beatriz Argimón.

O resultados das eleições, que tiveram o segundo turno no domingo, demorou cinco dias a mais para sair pela necessidade de contagem de uma classe extra de pouco mais de 30.000 votos que acabaram por ratificar a apertada vitória de Lacalle Pou. O senador e ex-presidente frente-amplista José Mujica afirmou ontem que a derrota aconteceu pela apatia política da esquerda uruguaia, “que ficou demasiado tranquila quando tinha que trabalhar”.

Graças a uma aliança com outros quatro partidos de centro-direita e extrema-direita, Lacalle Pou terá maioria parlamentar para levar adiante medidas mais duras de combate ao crime e também para tentar retomar um crescimento econômico mais acelerado do país. Mas já afirmou que não deve bater de frente em projetos sociais e trabalhistas aprovados pela Frente Ampla nos últimos 15 anos.

O resultado na eleição uruguaia marca um momento de grandes mudanças na política sul-americana. No Chile, a Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto de lei que reduz temporariamente em 50% os salários do presidente, de ministros e governadores. A medida agora segue para aprovação do Senado, e é uma resposta a protestos que há 40 dias tomam conta do país. Ano que vem o Chile deve levar adiante uma Assembleia Constituinte para ampliar os direitos trabalhistas.

Na Colômbia, protestos populares chegam nesta sexta-feira ao nono dia sem uma solução à vista. Na quarta-feira, o governo de Iván Duque anunciou um pacote de medidas sociais para alivir os gastos dos mais pobres, que inclui redução de impostos e incentivos a contratações de jovens. Mas as manifestações continuam. Enquanto isso, Bolívia e Argentina vivem uma guinada política. Na Bolívia, o governo interino anunciou uma série de medidas de política externa, como a reaproximação a Israel e Estados Unidos. O país deve realizar eleições em janeiro.

Na Argentina, onde a transição de poder será no dia 10 de dezembro, o presidente eleito Alberto Fernández afirmou ontem que só pagará as dívidas com o Fundo Monetário Internacional quando o país voltar a crescer. Em paralelo, fez um discurso pró-indústria numa confederação empresarial. Foi cobrado por medidas mais concretas e por uma postura mais clara sobre o futuro do Mercosul. Também é incerta a postura em relação ao bloco comercial do novo presidente uruguaio, Lacalle Pou.

O ano político na América Latina termina com mais perguntas do que respostas.

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