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Velha guarda do carnaval: idosos caem na folia em Brasília

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Em muitos blocos espalhados pelo Distrito Federal, pessoas idosas, muitas com mais de 80 anos, curtiram a festa sem perder o ritmo e a alegria

O carnaval do Distrito Federal é, sim, feito para todos. Prova disso são as irmãs Maria Paulina e Clementina Neto, de 74 e 78 anos, que atraíram olhares no Bloco da Tesourinha, neste domingo (2/3), na fonte da Torre de TV. Sem parar de dançar nem um minuto (confira o vídeo no QR Code), as duas provaram que idade não passa de um simples número.

Maryse Scianni, Graça Monteiro, Liziane Parente e Isolda Marinho

Maryse Scianni, Graça Monteiro, Liziane Parente e Isolda Marinho(foto: Davi Cruz/CB)

Elas moram em São Paulo e estão passando o feriado na casa da filha de Maria Paulina. O objetivo era matar a saudade e curtir os bloquinhos em família, afinal, elas dizem que amam carnaval. As irmãs estavam acompanhadas do marido, do genro, da filha e das netas de Paulina. Dançando na frente do palco, de braços dados ou percorrendo o bloco no trenzinho de foliões, o sorriso e o pique eram visíveis e invejáveis.

Elas comentaram que a parceria para curtir a vida sempre fez parte da relação e, desde pequenas, pulam carnaval juntas. No sábado, as irmãs foram ao show do Alceu Valença, neste domingo (2/3), no Tesourinha. Os destinos de hoje e amanhã ainda não tinham sido definidos, mas em casa elas com certeza não irão ficar. “O segredo é viver a vida com alegria e não sofrer com as pequenas coisas”, revelou Clementina, acrescentando que energia que não se perde com o sofrimento vira alegria e disposição.

O grupo de amigos Ana Lúcia Roberto, Patrícia Colela, Ana Maria Costa e José Galvão

Ana Lúcia Roberto, Patrícia Colela, Ana Maria Costa e José Galvão(foto: Isabella Almeida/CB)

Pernambucana, a professora aposentada Wilma Glória Santos, 88, mora em Brasília desde a inauguração da cidade e depois de viajar muito para curtir o carnaval em sua terra natal, se rendeu à folia brasiliense, no bloco Concentra Mas Não Sai. “Todos os anos, curto os blocos e saio mais de um dia. Adoro dançar e ver a bagunça e a alegria das pessoas”, comentou, enquanto seguia em pé e se movimentando no ritmo da banda que tocava.

A professora Patrícia Campos, 53, sempre acompanhou a mãe. No sábado, as duas ficaram na farra das 13h até às 19h e viram o Sol se pôr, junto às amigas. “Moro na Suíça e, neste ano, vim só para poder trazê-la ao carnaval do DF. É fantástico ver a energia que minha mãe tem para curtir esses momentos em família. Gostamos muito desta época do ano”, afirmou. O segredo de Wilma? Ela garante que é Jesus que, segundo ela, sempre garantiu a sua saúde.

Felicidade

A idade também não foi um empecilho para Telma Pereira Alves, 84, que fez questão de pular o carnaval no bloco Mamãe Taguá. Natural do Rio de Janeiro, ela se mudou para o DF há três meses e se sente em casa. Vestida de Minnie, a icônica namorada do Mickey, Telma disse que não perde a oportunidade de curtir a folia. “O carnaval daqui é parecido com o do Rio, mas as músicas são mais antigas. A festa é maior, mas o clima é mais tranquilo”, avaliou. Questionada se pretende pular todos os dias, ela respondeu com bom humor: “Se o corpo aguentar, vou até o fim!”

Roberto Oliveira, 44, estava curtindo ao lado da mãe. Segundo ele, a festa na capital é uma experiência completamente diferente da que estava acostumado no território carioca. “Aqui é muito mais tranquilo, mais sossegado. É algo mais família”, comparou, elogiando o bloquinho onde estava se divertindo. Ele destacou a alegria de ver a mãe aproveitando a festa. “O que mais gosto é ver minha família feliz. Aqui é difícil ter esse tipo de oportunidade”, pontuou.

Telma Pereira Alves, 84 anos, junto com o filho Roberto Oliveira, 44 anos

Telma Pereira Alves e o filho Roberto Oliveira(foto: Carlos Silva/CB/D.A.Press)

Maryse Scianni, uma francesa de 82 anos, faz parte, ao lado de suas amigas, do grupo de percussão Patubatê, que reúne mulheres de diferentes idades, todas unidas pelo amor ao batuque, ao carnaval e se apresentou em frente ao Minas Tênis Clube, com muito batuque e animação. “Esperamos o ano inteiro por esse momento. Crescemos e somos mocinhas, está na hora de festejar”, brincou Maryse, enquanto exibia um sorriso no rosto. Ela disse que a festa é uma oportunidade de reviver a infância. “Quero me sentir criança de novo. Estou feliz da vida e extremamente alegre. Viva o Brasil e viva o carnaval”, celebrou.

Ao lado dela, Isolda Marinho, 64, reforçou que o Carnaval é mais do que apenas festa. “Além da alegria e da animação, é pertencimento e inclusão. Isso é muito importante”, classificou. Ela ainda compartilhou a emoção de tocar ao lado das amigas. “Foram momentos muito prazerosos e que guardarei com muito carinho”, garantiu.

 01/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Bloco de carnaval concentra mas não sai. Wilma Glória e Patricia Campos.

Patricia Campos e a mãe, Wilma Glória(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

 

O grupo de amigos Ana Lúcia Roberto, 71, Patrícia Colela, 72, Ana Maria Costa, 73, e José Galvão, 74, estavam vibrando ao som do bloco Charretinha Tropicaos, na Vila Planalto. Segundo Ana Maria, eles curtem a festa desde os anos 70. “Somos sempre assíduos, grandes entusiastas, desde o começo, com Pacotão, em 76, na época da ditadura ainda. O carnaval de Brasília é altamente politizado, nossa manifestação popular”, comentou.

Correio Braziliense

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