Economia
Vendas no varejo do Brasil recuam 16,8% em abril, diz IBGE
As vendas no varejo brasileiro recuaram 16,8% em abril na comparação com o mês anterior e caíram 16,8% sobre um ano antes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. A maior queda em 20 anos e a mais acentuada da série histórica iniciada em janeiro de 2001 reflete os efeitos das políticas de isolamento social adotadas para controlar a pandemia de covid-19
É a primeira vez que a pesquisa traz os resultados de um mês inteiro em que o país está no quadro de isolamento social, destaca o instituto. As políticas de distanciamento começaram a ser adotadas na segunda quinzena de março.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de baixa de 12% na comparação mensal e de queda de 13,60% sobre um ano antes.
O setor que mais sofreu foi Tecidos, vestuário e calçados, que amargou queda de -60,6% de um mês para o outro, seguido de Livros, jornais, revistas e papelaria (-43,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-29,5%).
Até mesmo setores com atividades consideradas essenciais e que mostraram avanço no mês passado, caíram em abril. É o caso de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,8%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-17%).
“Em março, podemos imaginar o cenário em que essas atividades essenciais absorveram um pouco das vendas das outras atividades que tinham caído muito, mas nesse mês isso não foi possível. Tivemos também uma redução da massa salarial que, entre o trimestre encerrado em março para o encerrado em abril, caiu 3,3%, algo em torno de 7 bilhões de reais. Isso também refletiu nessas atividades consideradas essenciais”, explica o gerente da PMC, Cristiano Santos.
Os outros setores são: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-29,5%), Móveis e eletrodomésticos (-20,1%) e Combustíveis e lubrificantes (-15,1%).
Para o Goldman Sachs, o varejo deve mostrar que chegou ao fundo do poço em abril: “Esperamos que a atividade de vendas chegue ao fundo em abril e que se recupere gradualmente nos próximos meses, juntamente com o relaxamento dos protocolos de distanciamento social e outras medidas para restringir movimentos e atividades”, diz Alberto Ramos, analista de América Latina da instituição, por meio de nota.
Os dados divulgados hoje pelo IBGE confirmam as expectativas de contração de 9% da economia no segundo trimestre em relação ao primeiro, diz André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton e dono do cálculo:
“Muito provavelmente maio deve manter o baixo nível do varejo para vermos apenas uma melhora em junho uma vez que só agora a quarentena foi afrouxada”, diz em nota.
Do total de empresas coletadas pela pesquisa, 28,1% relataram impacto em suas receitas em abril por conta das medidas de isolamento social, contra 14,5% no mês de março, destaca o IBGE.
Comércio ampliado
No comércio varejista ampliado, do qual fazem parte também as atividades de veículos, motos, partes e peças (-36,2%) e material de construção (-1,9%), as vendas registraram queda de 17,5% em abril ante março, quando segmento ampliado já vinha numa queda intensa (-13,7%) por conta, sobretudo, do recuo em veículos, motos partes e peças, destaca o IBGE.
O instituto destacou ainda que, tanto no comércio varejista quanto no varejosta ampliado o patamar de vendas chegou ao seu ponto mais baixo. No caso desse primeiro, o patamar atual está 22,7% abaixo do nível recorde, em outubro de 2014. Já no ampliado, o distanciamento chega a 34,1%. O auge para o setor foi registrado em em agosto de 2012.
Recorde nos EUA
A divulgação dos dados sobre as vendas do varejo nos Estados Unidos está um mês afrente da brasileira. Lá, os dados de maio foram anunciados nesta terça-feira e indicam alta recorde para o mês, quando 2,5 milhões de norte-americanos voltaram ao trabalho, deixando o isolamento.
Segundo o Departamento do Comércio americano, as vendas no varejo subiram 17,7% no mês passado, após queda recorde de 14,7% em abril. O resultado recupere apenas uma fração da histórica queda em março e abril devido ao coronavírus.
O resultado superou o recorde anterior de aumento de 6,7% em outubro de 2001, quando os norte-americanos retomaram as compras após os ataques de 11 de setembro de 2001 aos EUA.
A expectativa era de salto de 8% das vendas no varejo no mês passado, de acordo com pesquisa da Reuters.
(Com informações da Reuters)
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