Conecte Conosco

Mundo

Venezuela acusa EUA de conflito não declarado e solicita investigação da ONU

Publicado

em

O governo de Nicolás Maduro declarou na sexta-feira (19) que existe um “conflito não declarado” após o envio de navios dos Estados Unidos ao Mar do Caribe, enquanto o Ministério Público venezuelano solicitou que a ONU investigue os recentes ataques contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico.

Os EUA enviaram oito navios ao Mar do Caribe afirmando que a missão é combater o tráfico de drogas. Desde o começo de setembro, três pequenas embarcações foram destruídas, resultando em 14 mortos, conforme relatado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, caracterizou o envio dessas embarcações como uma “ameaça militar” e indicou que há um “conflito não declarado” em andamento.

“É um conflito não declarado, e vocês podem observar que pessoas, narcotraficantes ou não, foram mortas no Mar do Caribe”, disse Padrino López durante um relatório sobre exercícios militares conduzidos esta semana com 2.500 tropas na ilha caribenha de La Orchila.

Ele questionou o fato de que as embarcações, supostamente venezuelanas, não foram interceptadas antes dos ataques: “Executados sem direito à defesa”. Padrino López destacou a capacidade tecnológica dos EUA e questionou a falta de interceptação antecipada das embarcações.

Mais tarde, Donald Trump postou em sua plataforma Truth Social um vídeo mostrando um ataque militar contra uma lancha ligada ao narcotráfico, resultando em três mortes de “narcoterroristas”. Diferentemente dos ataques anteriores, ele não especificou se esta ação ocorreu próxima à Venezuela, somente mencionando que aconteceu na área sob comando do Comando Sul dos EUA, que abrange a América Central, América do Sul e Caribe.

Exercícios militares e tensões

Na quarta-feira, a Venezuela iniciou exercícios militares por 72 horas em La Orchila, localizada a cerca de 65 quilômetros da costa venezuelana, próximo ao local onde os EUA detiveram uma embarcação pesqueira por oito horas no último final de semana.

Esses exercícios foram uma resposta ao envio dos Estados Unidos, que acusam Nicolás Maduro de liderar um cartel de narcotraficantes e oferecem uma recompensa de 50 milhões de dólares (266 milhões de reais) por sua captura.

A televisão estatal venezuelana mostrou imagens dessas manobras, durante as quais, segundo o ministro da Defesa, foram lançados mísseis das classes C-802 e C-M90, além de foguetes.

No meio das tensões entre Venezuela e Estados Unidos, que não mantêm relações diplomáticas desde 2019, o líder oposicionista Henrique Capriles, duas vezes candidato presidencial, declarou ser contra a guerra.

“Continuo acreditando que a solução não é militar, mas política. Sou contra a guerra”, afirmou Capriles, atualmente deputado, em entrevista à imprensa.

Pedido de investigação à ONU

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, solicitou que a ONU investigue o que classificou como “crimes contra a humanidade” cometidos pelos Estados Unidos.

“O uso de mísseis e armas nucleares para matar pescadores indefesos em uma pequena embarcação são crimes contra a humanidade e devem ser apurados pela ONU”, afirmou Saab em comunicado oficial.

O chanceler venezuelano Yván Gil informou que o país solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que exija o fim imediato das operações militares dos EUA no Caribe.

“Oficiais dos EUA admitiram que essas ações resultaram em mortes extrajudiciais de civis, com o objetivo de causar medo entre os pescadores e a população venezuelana”, publicou o ministro em suas redes sociais.

O embaixador da Venezuela na ONU, Alexander Yánez, expôs a posição nacional diante da ameaça militar dos EUA, reforçando o pedido de cessação das ações e apoio internacional para a resolução pacífica do conflito.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados