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Venezuela acusa Trinidad e Tobago de colaborar com EUA no sequestro de navio petroleiro
A Venezuela denunciou nesta segunda-feira (15) que Trinidad e Tobago teria colaborado no sequestro de um navio transportando petróleo venezuelano, que foi apreendido pelos Estados Unidos na última semana, durante a realização de manobras militares estadunidenses no Caribe, conforme comunicado divulgado pela Vice-Presidência venezuelana.
Os Estados Unidos conduziram uma operação antidrogas no Caribe em agosto, contando com o apoio da primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, aliada do governo de Donald Trump.
Caracas afirmou ter evidências claras da participação do governo de Trinidad e Tobago na apropriação ilegal do petróleo venezuelano, especificamente na captura do navio petrolífero no dia 10 de dezembro.
“Essa ação constitui um grave desrespeito ao direito internacional e uma violação flagrante dos princípios da livre navegação e comércio”, ressaltou a vice-presidente Delcy Rodríguez em mensagem publicada no Telegram.
Na semana passada, o presidente Donald Trump anunciou a intervenção militar que resultou na apreensão do petroleiro nas águas venezuelanas, ato considerado pela administração de Nicolás Maduro como “pirataria internacional”.
Maduro já havia cancelado em outubro os acordos energéticos vigentes com Trinidad e Tobago após o arquipélago ter recebido navios de guerra americanos para exercícios militares conjuntos. O governo venezuelano, por meio do comunicado mais recente, reafirmou a decisão e ordenou o fim total das relações governamentais com Trinidad e Tobago.
Além disso, a nota oficial declarou: “O governo venezuelano determinou a cessação imediata de todos os contratos, acordos ou negociações para o fornecimento de gás natural a Trinidad e Tobago”.
Trinidad e Tobago confirmou que permitirá o uso de seus aeroportos por aeronaves militares dos Estados Unidos nas próximas semanas para operações logísticas, e recentemente instalou um radar com apoio estadunidense.
Diosdado Cabello, ministro do Interior da Venezuela, advertiu que tais ações do governo trinitino colocam em risco não só as relações bilaterais, mas também a população local.
O petróleo bruto, principal recurso da Venezuela, está sob embargo dos EUA desde 2019, o que força o país a vender sua produção no mercado informal a preços reduzidos, direcionados principalmente a países asiáticos.
“Nem uma gota de petróleo será levada sem pagamento”, reafirmou Cabello.
Aempresa estatal PDVSA denunciou que sofreu um ataque cibernético que afetou seus sistemas administrativos, responsabilizando interesses estrangeiros e novamente acusando os Estados Unidos de tentar se apropriar ilegalmente do petróleo venezuelano.
Por sua vez, a União Europeia decidiu estender até janeiro de 2027 as sanções contra membros do governo venezuelano, mantidas desde 2017, incluindo embargo de armamentos e equipamentos utilizados para repressão interna.
O bloco europeu justificou a prorrogação pelas ações contínuas que ameaçam a democracia e o Estado de Direito, além das violações dos direitos humanos e da repressão a civis e opositores.
Recentemente, a Venezuela registrou aumentos em casos de detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados, somando atualmente ao menos 889 presos políticos, segundo a ONG Foro Penal.
Nas últimas semanas, o serviço secreto venezuelano deteve importantes figuras sindicais e opositoras, como José Elías Torres, Nicmer Evans e Melquiades Pulido.
Caracas rejeitou as sanções europeias, classificando-as como medidas coercitivas unilaterais que têm falhado, prejudicando significativamente as relações políticas e diplomáticas com a União Europeia.

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