Caracas – O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, iniciou sua campanha presidencial distribuindo caminhões de lixo e tratores enquanto seu rival Henri Falcon apresentou planos para despolitizar a petroleira estatal PDVSA e dolarizar a combalida economia do país.
O comparecimento às urnas nas eleições marcadas para dia 20 de maio deve ser baixo dado desânimo dos venezuelanos diante de um colapso econômico sem precedentes e de um boicote por parte dos principais opositores, que enxergam o processo eleitoral como uma farsa para legitimizar a autocracia.
Embora algumas pesquisas o coloquem empatado ou à frente de Maduro, as abstenções teriam um efeito mais grave no ex-militar e governador de 56 anos Falcon do que no socialista.
Mais de 80 executivos da PDVSA e seus fornecedores foram presos nos últimos meses por acusações de corrupção.
As tensões entre a PDVSA, que detêm cerca de 95 por cento das receitas de exportação da Venezuela, e empresas estrangeiras de petróleo têm crescido conforme oficiais militares que tem pouca ou nenhuma experiência na área recebem papéis de direção.
Falcon e o peso-pesado de Wall Street Francisco Rodriguez, seu principal consultor econômico, apresentaram planos para reformar a PDVSA que consistiriam em separá-la do Ministério do Petróleo, pedir que a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) aumente as participações do país e fortalecer o papel de parceiros estrangeiros.
Ilustrando a dificuldade da tarefa de Falcon, outros ativistas de oposição organizaram protestos para esta semana para promover a abstenção nas eleições do mês que vem.
Diferentemente de outras campanhas no passado, os atos públicos de ambos os lados até agora não contaram com a adesão significativa do público.
“Há muitas dificuldades, sim, mas quem irá superá-las? A oligarquia, Donald Trump, ou nós?”, disse Maduro, de 55 anos, em discurso no estado de Bolívar, no sul do país, onde o mandatário distribuía veículos a autoridades oficiais.
Maduro, sucessor de Hugo Chavez, tem o apoio de cerca de 20 por cento do eleitorado. Sua vitória é esperada dado o formidável aparato eleitoral do Estado, a cassação dos direitos políticos de dois importantes líderes de oposição, um conselho eleitoral favorável, e a dependência da população mais pobre nos programas de bem estar social do governo, incluindo distribuição de alimentos.
Milhões de venezuelanos ganham cerca de 2 dólares por mês, sofrem com escassez de alimentos e remédios básicos, e enfrentam ainda inflação que chega a milhares por cento ao ano.
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