Vias perto da Marginal lideram roubos de celular em São Paulo

A cidade de São Paulo registrou mais de 50 mil casos de roubo de celular entre janeiro e outubro deste ano, o que corresponde a uma média diária de 165 ocorrências, ou seja, um roubo a cada 9 minutos. As avenidas Cruzeiro do Sul e do Estado, especialmente nos trechos que conectam o centro à zona norte, são as mais afetadas na capital paulista, com relatos frequentes de assaltos.

A investigação utilizou metodologia recomendada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), eliminando ocorrências duplicadas por local, ano e número de boletim de ocorrência na base de dados aberta. Foram contabilizados somente casos classificados como roubo, quando a vítima é ameaçada.

Um dos pontos críticos na Avenida do Estado é o cruzamento com a Avenida Santos Dumont, próximo à Estação Armênia, na Linha 1-Azul do Metrô.

Principais locais com roubos de celular

• Avenida Cruzeiro do Sul – 297
• Avenida do Estado – 293
• Estrada do M’Boi Mirim – 229
• Rua Augusta – 204
• Rua da Consolação – 184
• Avenida Presidente Castelo Branco – 181
• Estrada de Itapecerica – 176
• Avenida Sapopemba – 169
• Avenida Celso Garcia – 155
• Avenida Paulista – 150

Trabalhadores da região relatam que os roubos são tão comuns que talvez muitos casos não sejam oficialmente registrados. “Ocorrências acontecem todos os dias e noites. Assaltantes quebram vidros dos veículos usando pedras, pedaços de ferro ou qualquer objeto encontrado para pegar os celulares”, conta um frentista vítima de roubo. “Frequentemente aparecem carros com vidros quebrados.”

Outro testemunho descreve a tática criminosa conhecida como “arapuca”, usada em vários pontos da cidade. “Eles jogam pedras em veículos parados no semáforo para forçar a vítima a entregar o celular.” Além das avenidas do Estado e Cruzeiro do Sul, a Presidente Castelo Branco, parte da Marginal Tietê sentido Rodovia Ayrton Senna, também destaca-se na incidência de roubos.

Casos por distrito policial

Os distritos com mais casos ficam na zona sul da cidade, áreas reconhecidas historicamente por altos índices criminais. São eles: 47º DP (Capão Redondo), 37º DP (Campo Limpo) e 92º DP (Parque Santo Antônio). Entre estes, o 14º DP (Pinheiros) é o único na zona oeste entre os 10 distritos com mais registros.

• Capão Redondo (47º DP) – 2.137
• Campo Limpo (37º DP) – 1.817
• Pinheiros (14º DP) – 1.737
• Parque Santo Antônio (92º DP) – 1.382
• Sé (1º DP) – 1.221
• Perdizes (23º DP) – 1.203
• Campos Elíseos (3º DP) – 1.176
• Jardim Herculano (100º DP) – 1.120
• Pari (12º DP) – 1.037
• Santo Amaro (11º DP) – 917

Distritos da região central também aparecem na lista dos locais com maior número de roubos de celulares.

Posição da Secretaria de Segurança Pública

A SSP ressalta que não é adequado comparar isoladamente as vias ou regiões, já que cada área possui características próprias como fluxo de pessoas, concentração comercial e mobilidade, além de variações sazonais que impactam os registros de crime. A SSP destaca que as polícias Civil e Militar atuam em conjunto, utilizando análise de dados e inteligência para ações eficazes.

A Polícia Militar intensifica o patrulhamento preventivo e realiza operações em áreas com maior incidência, enquanto a Polícia Civil conduz investigações, cumpre mandados e desarticula quadrilhas. Essas ações resultaram em redução de 13% nos roubos de celular neste ano, comparado ao ano anterior.

Há seis meses, o governo estadual lançou o programa SP Mobile, que integra prevenção, repressão e análise de dados com suporte das operadoras. O programa já recuperou 15.995 aparelhos, dos quais 5.416 foram devolvidos às vítimas, e aplicou 3.900 notificações. A parceria entre a PM e a Google permite o bloqueio remoto e a localização em tempo real dos smartphones durante o atendimento das ocorrências.

Até o momento, as ações integradas recuperaram 82.607 celulares, sendo 42.097 devolvidos, além de fiscalizar 5.118 estabelecimentos e prender 1.230 envolvidos em organizações criminosas.