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Vice-líder da diplomacia dos EUA critica Alexandre de Moraes: ‘Fora de controle’

O vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, voltou a fazer críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nas redes sociais. Segundo Landau, o magistrado brasileiro está fora de controle e pediu que outras autoridades brasileiras intervenham para deter suas ações antes que prejudique a relação histórica entre os dois países, que dura há mais de dois séculos.
A Embaixada dos EUA no Brasil compartilhou a mensagem de Landau no X (antigo Twitter), em resposta a uma notícia sobre a possível prisão de uma cidadã americana nascida no Brasil, que teria feito críticas à Corte.
O chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, sinalizou em entrevista que medidas adicionais podem ser anunciadas em retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por conspiração golpista. Rubio criticou os ministros do STF como “juízes ativistas” e censurou um magistrado por tentar aplicar reivindicações judiciais americanas contra cidadãos dos EUA, sem citar nominativamente Moraes.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para participar da Assembleia Geral da ONU em Nova York, onde fará discurso na abertura do evento.
Na quarta-feira, Christopher Landau acusou Moraes de violar direitos humanos e disse que o Brasil tem permitido que o ministro intensifique tais abusos. Ele afirmou que os EUA esperam que o Brasil controle o ministro “fora de controle” para evitar danos maiores à relação bilateral, e criticou o que chamou de uso político do processo judicial.
Durante o julgamento de Bolsonaro e outros oito réus da trama golpista, Moraes defendeu a soberania nacional e conduziu o processo no STF, criticando interferências externas e demandas de anistia.
Após a condenação, Marco Rubio afirmou que os EUA responderão à “caça às bruxas” representada pelo julgamento. A crise diplomática tem afetado também o comércio, com tarifas impostas sobre produtos brasileiros e sanções financeiras contra Moraes, sob a Lei Magnitsky, motivadas por alegações de violações de direitos humanos.
A Lei Magnitsky foi criada para sancionar pessoas acusadas de corrupção ou abusos de direitos humanos, mas também tem sido usada para pressionar o Judiciário brasileiro, incluindo bloqueios financeiros. Rubio indicou que outras medidas de retaliação podem ser tomadas em breve.
Durante a entrevista, Rubio disse: “Há juízes ativistas, um em particular que perseguiu Bolsonaro e tentou impor regras judiciais americanas mesmo contra cidadãos americanos, ameaçando ir ainda mais longe”. Ele prometeu anúncios sobre ações adicionais na semana seguinte.
O governo brasileiro esperava essas reações e avalia que as novas sanções podem focar em autoridades específicas, como ocorreu com Moraes. Sete ministros do STF tiveram os vistos americanos suspensos, exceto alguns indicados por Bolsonaro e o único que votou pela absolvição do ex-presidente.
Interlocutores do governo também observam que o presidente americano poderá ajustar suas ações em relação à extrema direita, como aconteceu com a Índia. O Brasil importa fertilizantes da Rússia, e eventuais punições podem afetar o agronegócio, base da oposição bolsonarista. Apesar disso, o ex-presidente Trump fez declarações atenuadas sobre a condenação, demonstrando simpatia por Bolsonaro.
Segundo membros do governo Lula, a imagem do Brasil melhorou após o julgamento, que evidenciou que o país não cede a pressões tarifárias externas, termo usado por Lula em encontro com líderes do Brics.
A Assembleia Geral da ONU, na próxima semana em Nova York, é prioridade para Lula. Nos seus três mandatos, ele participou de todas as reuniões, exceto em 2010, quando enviou o então chanceler. Este ano, Lula também deve comparecer, sem campanhas eleitorais em 2025, e a reunião será importante para negociar a COP30, que ocorrerá no Brasil.
No dia 24, a ONU realizará a Cúpula do Clima, quando os países apresentarão suas propostas para reduzir emissões de gases de efeito estufa, as NDCs. Tradicionalmente, o representante brasileiro faz o discurso de abertura, função que Lula exerceu em 2023 e 2024.
Em artigo no The New York Times, Lula enviou uma mensagem a Trump de que o Brasil está aberto para negociações que tragam benefícios mútuos, mas afirmou que a democracia e soberania brasileiras não estão em negociação. Ele expressou orgulho pela decisão histórica do Supremo que protege instituições e o Estado Democrático de Direito.

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