Mundo
Vice-presidente dos EUA visita Israel para fortalecer acordo em Gaza

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, chegou a Israel na terça-feira (21) com o objetivo de consolidar o delicado cessar-fogo em Gaza, logo após o ex-presidente Donald Trump ter ameaçado “eliminar” o grupo islâmico Hamas caso o acordo não fosse respeitado.
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e seu genro, Jared Kushner, já estavam na cidade de Tel Aviv, onde se reuniram com reféns israelenses que foram libertados pelo Hamas após dois anos em cativeiro em Gaza.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, “Juntos, a Terra Prometida e a Terra da Liberdade, podemos assegurar um futuro melhor, incluindo a libertação dos 15 reféns que ainda permanecem em cativeiro”.
Vance terá encontros com Witkoff, Kushner e especialistas militares americanos que acompanham a trégua. Segundo a imprensa local, ele também se reunirá com líderes israelenses, entre eles o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Jerusalém na quarta-feira.
Netanyahu, que enfrenta pressão dos setores mais radicais de seu governo para desistir do acordo e retomar as operações militares, declarou na segunda-feira que discutirá com Vance “os desafios de segurança que enfrentamos e as oportunidades diplomáticas disponíveis”.
Em uma tentativa paralela de reforço da trégua, o chefe de inteligência do Egito, Hasan Rashad, encontrou-se em Jerusalém com Netanyahu. Rashad também deve se encontrar com Witkoff, segundo informações do Extra News, veículo egípcio próximo ao governo.
Acordo fragilizado
Após acusações de que o Hamas matou dois soldados e atrasou a entrega dos corpos dos reféns, Israel conduziu uma série de bombardeios que resultaram em 45 palestinos mortos, conforme relatório do Ministério da Saúde de Gaza. Posteriormente, Israel afirmou ter retomado o compromisso com o cessar-fogo.
Apesar da escalada no fim de semana, ambas as partes reiteraram apoio à trégua. Israel recebeu os restos mortais de outro refém, o suboficial Tal Haimi, elevando para 13 o número de corpos entregues pelo Hamas dos 28 acordados até o dia 13 de outubro, 72 horas após o início da trégua.
O gabinete de Netanyahu destacou que o pacto depende da devolução de todos os corpos para sua plena efetivação.
O principal negociador do Hamas, Khalil al-Hayya, assegurou que a organização leva a sério a recuperação dos 15 corpos remanescentes, mas que as condições de destruição em Gaza dificultam suas buscas.
Implicações diplomáticas
“A situação se mantém em um constante vai e vem”, analisou Mairav Zonszein, especialista em Israel do International Crisis Group (ICG). Segundo ela, enquanto Trump dá margem para que Israel aja à vontade, ele também busca que o cessar-fogo prevaleça.
Netanyahu estaria adotando ambas as estratégias, promovendo diálogo enquanto mantém ataques em Gaza e condiciona a ajuda.
O xeique Tamim bin Hamad Al Thani, líder do Catar, criticou as ações israelenses no território palestino e solicitou aos legisladores que tomem providências.
Referindo-se à situação, Trump indicou que aliados no Oriente Médio estariam abertos à possibilidade de intervenção militar em Gaza para “colocar ordem no Hamas” caso o grupo persistisse em seus atos.
Decisões e consequências
O Exército israelense afirmou que, apesar dos ataques de domingo, o cessar-fogo voltou a ser respeitado, porém responderá com rigor a quaisquer transgressões.
O Hamas acusa Israel de usar desculpas para provocar a retomada dos confrontos.
O acordo de cessar-fogo, iniciado em 10 de outubro, inclui um plano com 20 pontos elaborado por Trump, que define a retirada das tropas israelenses além da chamada “Linha Amarela”, zona que representa aproximadamente metade de Gaza.
Esse recuo mantém o controle sobre as fronteiras do território, mas não sobre as principais cidades da região.
O conflito tem origem no ataque do Hamas ocorrido em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.221 israelenses, em sua maioria civis, conforme dados oficiais compilados pela AFP.
A resposta israelense já provocou a morte de 68.229 pessoas em Gaza, majoritariamente civis, segundo o Ministério da Saúde local, cujos números são reconhecidos pela ONU.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login