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Economia

Vieira e Rubio dialogam sobre comércio, sem falar em Brics ou dólar

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A reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, realizada em Washington na última quinta-feira, evitou discutir assuntos relacionados ao Brics ou à diminuição do uso do dólar nas transações comerciais — uma proposta defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reduzir os custos dessas operações.

Fontes próximas ao governo Lula indicam que esses temas, considerados delicados pela Casa Branca, foram deixados de lado. O presidente Donald Trump tem demonstrado desconforto com debates sobre alternativas para o domínio do dólar no comércio entre os países do grupo e frequentemente ameaça aumentar tarifas para nações que tentem diminuir essa influência.

Os participantes confirmaram que a conversa entre Vieira e Rubio focou em questões econômicas e comerciais bilaterais, representando um esforço para aproximar Brasil e Estados Unidos após um período de tensão diplomática. O ministro brasileiro informou o presidente Lula sobre os resultados desse encontro na sexta-feira.

Os titulares da diplomacia também abordaram os preparativos para o primeiro encontro entre Lula e Trump. Embora ainda sem data marcada, ambos os lados consideram a possibilidade de reunir-se durante a cúpula da ASEAN, na Malásia, no final do mês.

O calendário até o final do ano oferece ao menos três chances para uma nova reunião, considerando os eventos e viagens dos presidentes ao redor do mundo.

Na reunião em Washington, com a presença do representante de Comércio da Casa Branca, Jamieson Greer, Mauro Vieira solicitou a suspensão das tarifas elevadas sobre produtos brasileiros enquanto as negociações comerciais estiverem em andamento. Esse pedido veio após conversa telefônica entre Lula e Trump realizada anteriormente.

O diálogo entre os ministros foi caracterizado como exploratório, visando estabelecer bases para futuras discussões bilaterais. Decidiu-se que assuntos comerciais serão conduzidos pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, enquanto questões políticas e diplomáticas seguirão sob responsabilidade de Vieira e Rubio.

Em julho, o presidente dos EUA impôs uma taxa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, somando-se à tarifa geral de 10%. Trump condicionou negociações ao arquivamento de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, gerando resposta de independência dos poderes brasileiros.

Além disso, Washington iniciou uma investigação alegando práticas comerciais injustas no Brasil, abordando temas como desmatamento, corrupção, regulação de meios de pagamento, comércio de produtos falsificados, e políticas de biocombustíveis.

Nenhuma menção a Bolsonaro foi feita na conversa; o foco foi o início das negociações para um acordo comercial. Para diplomatas brasileiros, essa reunião marca um passo importante para reconstruir a relação entre os países, com próximos encontros técnicos previstos para definir cronogramas e condições para revisão tarifária e avanços em temas estruturais.

O ambiente do encontro foi avaliado como construtivo, apesar da cautela, e o governo Lula espera que essa aproximação possibilite medidas concretas nos próximos meses, reduzindo tensões políticas e comerciais que prejudicaram a relação Brasil-EUA nos últimos anos.

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