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Vieira e Rubio tentam avançar acordo entre Lula e Trump

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai se encontrar nesta quinta-feira com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em um esforço para reaproximar Brasil e Estados Unidos após um período de tensão.

Vieira e Rubio tiveram uma conversa telefônica na semana passada que durou cerca de 15 minutos, poucos dias após uma ligação de meia hora entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.

O objetivo principal dessa conversa entre os líderes diplomáticos é preparar o caminho para o esperado encontro entre Lula e Trump, que deve ocorrer em breve na cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) na Malásia.

Fontes do governo brasileiro indicam que o chanceler fará esforços para garantir que o encontro presidencial vá além de simples gestos simbólicos e promova avanços concretos nas relações bilaterais.

As relações entre Brasil e Estados Unidos sofreram um impacto negativo desde que, no dia 9 de julho, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. O presidente americano condicionou negociações comerciais ao arquivamento de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele foi condenado por tentativa de golpe de Estado.

Vieira e Rubio irão definir os temas que serão abordados no encontro entre Lula e Trump. Além das taxas e sanções econômicas, a pauta deve incluir ataques de barcos venezuelanos em águas internacionais, o conflito entre Rússia e Ucrânia e a atual situação na Faixa de Gaza após o acordo entre Israel e o grupo Hamas.

Nas negociações, ambos os países devem apresentar objetivos claros, que nem sempre são alinhados. O governo brasileiro busca revogar a sobretaxa de 50% imposta por Washington, que afeta setores como calçados, têxtil, máquinas, equipamentos e frutas, além de pedir o fim das sanções contra cidadãos brasileiros.

Os Estados Unidos, por sua vez, desejam garantias de acesso prioritário a minerais estratégicos, regras mais favoráveis para as grandes empresas de tecnologia americanas e uma postura mais previsível do Brasil em temas geopolíticos, especialmente diante da aproximação do país com a China e com o BRICS. Trump frequentemente ameaça aumentar as tarifas caso os países em desenvolvimento do grupo insistam em reduzir o uso do dólar nas transações comerciais.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, revelou em audiência pública no Congresso que o governo americano o convidou para discutir minerais essenciais, como lítio, níquel e terras raras, que são importantes para a transição energética e indústrias de baterias e semicondutores.

Fontes indicam que o Brasil pretende deixar de ser apenas um exportador de matéria-prima e desenvolver cadeias produtivas com transferência tecnológica local. No entanto, os Estados Unidos pressionam por acesso direto às reservas brasileiras e acordos de fornecimento estáveis para reduzir sua dependência da China.

Na área digital, os EUA buscam regras mais brandas para suas grandes plataformas tecnológicas, enquanto o Brasil tenta equilibrar atração de investimentos, proteção da soberania dos dados e discussões internas sobre tributação das plataformas digitais, tema que causa desconforto em Washington.

Segundo um interlocutor influente, na prática o Brasil busca previsibilidade, menos barreiras e acesso a mercados, enquanto os Estados Unidos querem garantir influência estratégica e assegurar que o Brasil não se alinhe aos rivais na disputa global.

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