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Vinil conquista fãs de todas as idades e movimenta São Paulo

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Mesmo na era do streaming, os discos de vinil têm ganhado cada vez mais fãs entre os apaixonados por música. Estima-se que o mercado global desses discos alcance US$ 3,5 bilhões até 2033, segundo um estudo da empresa Imarc, mostrando um setor que é ao mesmo tempo nostálgico e cheio de potencial para crescer.

O aumento do interesse pelo vinil é impulsionado pelo apelo vintage do som analógico, o valor dado a edições físicas exclusivas com capas especiais, além do crescimento de lojas independentes, bares temáticos e eventos que celebram a cultura do vinil.

Uma pesquisa realizada pela Her Vinyl Brasil, em parceria com Noize Media e Record Club, mostra que o público brasileiro é formado em sua maioria por pessoas entre 26 e 35 anos, principalmente nas regiões Sudeste e Sul, com destaque para São Paulo.

Tradição e inovação

Para os jovens, os discos muitas vezes são uma herança familiar. A paixão por artistas específicos ou o descobrimento dos vinis antigos em casa mantém vivo esse hábito. Julia Morelo, musicista de 20 anos, conheceu o vinil pelos pais e acredita que ele tem um lugar especial nas gerações atuais, que valorizam preservar esse formato e a cultura que ele carrega.

“O disco é uma memória e uma lembrança. É algo físico para ouvir, e isso é importante, porque tudo digital pode sumir”, comenta Morelo. “A mídia física está sempre disponível e acredito que continuará crescendo e existindo.”

Pablo Rocha, cofundador e diretor do Noize, ressalta que São Paulo tem um público engajado e exigente, que deseja mais que escutar música: busca experiências culturais completas. Ele destaca também que o público jovem valoriza a conexão, não só a nostalgia, e que curadorias especiais têm aproximado esse público, com destaque para artistas femininas como Mariana Sena, Luedji Luna, Elza Soares e Raquel Reis.

Do hobby à profissão

João Ferreira, colecionador há quase 50 anos, abriu uma loja de discos no centro de São Paulo em 2021. Com um acervo pessoal de 5 mil vinis, ele percebe que o interesse tem crescido, especialmente no fim do ano, quando as pessoas procuram vinis como presentes.

Vicente Mellone, ex-professor e dono de duas lojas na mesma galeria, trabalha com vinis há 18 anos e acredita que esses discos podem mudar vidas. Ele compartilha que o vinil serve como ponte entre gerações, sendo uma forma de comunicação cultural e afetiva.

Renato Capellari, colecionador de 28 anos, diz que o disco proporciona uma verdadeira viagem no tempo para quem o escuta, despertando curiosidade e admiração em jovens e adultos.

Sentimentos e resistência

Mellone comenta o impacto emocional dos vinis nas pessoas, ressaltando momentos de união familiar proporcionados pela compra conjunta de pais e filhos.

João Ferreira vê o vinil também como símbolo cultural fundamental para construir e compartilhar histórias, como o disco Todos Os Olhos, de Tom Zé, que provocou a censura durante a ditadura militar.

Tanto ele quanto Vicente Mellone acreditam que os discos sempre terão espaço entre os apreciadores de música e continuarão a conectar gerações.

Um novo DJ na cena

DJ Uiu, natural de Santos e com 28 anos, começou a trabalhar com discos de vinil em 2017. Para ele, o ato de tocar com vinis cria uma experiência única para o público, que frequentemente se encanta e mostra um interesse renovado por esse formato.

Ele enfatiza que a discotecagem com vinil exige cuidado, preparação e sensibilidade, com atenção à manutenção dos discos e do equipamento.

Crescimento do mercado

No ano de 2024, o mercado mundial de discos de vinil movimentou US$ 1,9 bilhão, crescendo cerca de 6,8% ao ano. Apesar da antiguidade do formato, novidades tecnológicas têm melhorado o áudio, a durabilidade e o design dos discos.

No Brasil, o setor também está em expansão: em 2023, a venda de vinis alcançou R$ 16 milhões, com aumento de 45,6% em relação ao ano anterior, superando a receita dos CDs. Esse número pode ser ainda maior se forem consideradas vendas em feiras, sebos e lojas especializadas, onde discos raros alcançam valores altos.

O crescimento do mercado também é impulsionado pela chegada constante de novos assinantes a clubes de vinis e pela participação crescente em eventos e redes sociais. Pablo Rocha destaca que o vinil deixou de ser apenas um meio musical para se tornar um objeto de afeto, coleção e pesquisa.

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