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Violência e insegurança preocupam população da América Latina, revela OCDE
A insegurança e a violência nas ruas da América Latina e do Caribe estão entre as maiores preocupações dos moradores da região, segundo a primeira pesquisa da OCDE sobre a confiança nas instituições públicas na área.
A pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) abrangeu 10 países entre os anos de 2023 e 2025, período marcado pelo crescimento dos crimes comuns e do crime organizado, com a região apresentando a maior taxa de homicídios no mundo.
No Brasil, uma operação policial realizada no Rio de Janeiro em outubro resultou em mais de 120 mortes, tornando-se a ação mais letal da história do país.
No Peru, casos de extorsão e assassinatos desencadearam protestos que levaram à saída da presidente Dina Boluarte no mês passado.
Já no Equador, a violência ligada ao narcotráfico aumentou, resultando na maior taxa de homicídios da América Latina.
O levantamento indicou que a confiança nos governos é baixa, ficando em 48%, enquanto as Forças Armadas possuem maior credibilidade, com 55%. Além disso, a segurança, a corrupção e os desafios econômicos são as principais preocupações dos cidadãos.
“As Forças Armadas são a instituição da América Latina e do Caribe em que as pessoas mais confiam”, destaca o relatório, que baseia suas conclusões nos dados coletados em 2023 nos países Brasil, Equador, Peru, República Dominicana, Guatemala e Paraguai.
A maioria dos entrevistados vê a criminalidade como uma ameaça expressiva para seu país. Em média, 60% citaram o crime ou a violência como um dos três problemas mais importantes.
Os percentuais são especialmente altos no Peru (75%) e no Paraguai (45%), onde a insegurança e a violência são vistas como as maiores preocupações.
A pesquisa é pioneira no gênero e foi feita em 2023 nos países latino-americanos que fazem parte da OCDE (Chile, Colômbia, Costa Rica e México) e em 2025 no Brasil, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e República Dominicana, com cerca de 2.000 entrevistados em cada nação.
Desconfiança nos governantes
Quando questionados sobre os três problemas mais graves que seus países enfrentam, poucos destacaram a mudança climática (cerca de 10%) e ainda menos apontaram a circulação de notícias falsas e os riscos das redes sociais (menos de 10%).
Quanto à crise de confiança nas lideranças governamentais, quase a metade da população da América Latina (48%) declarou ter pouca ou nenhuma fé em suas administrações, entretanto, existe variação significativa entre os países.
“Os governos em todo o mundo abordam tempos desafiadores em meio à incerteza, e a América Latina e o Caribe não fogem a essa realidade”, ressalta o relatório.
O México e o Equador apresentam maiores índices de confiança em seus governos, com 54% e 50%, respectivamente. Por outro lado, Paraguai e Guatemala mostram níveis baixos de confiança, com apenas 27%, e o Peru apresenta o menor índice, com somente 20%, tendo nomeado seu sétimo presidente na última década.
Outras instituições valorizadas pelos latino-americanos incluem organismos internacionais e meios de comunicação, que obtêm índices ligeiramente inferiores aos das forças militares, com mais de 40% de confiança.
Tribunais, sistemas judiciários e parlamentos geralmente apresentam os piores níveis de credibilidade.
A OCDE destacou que a preocupação com situações econômicas é um fator chave para a falta de confiança, visto que 82% das pessoas na América Latina manifestam apreensão com sua situação financeira, o que impacta diretamente a confiança nas instituições públicas.

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