Violência na Colômbia deixa 13 mortos e muitos feridos

Na última quinta-feira (21), a Colômbia enfrentou um dia marcado por atos violentos que resultaram em 13 mortes e dezenas de feridos, a maior ofensiva dos grupos armados dos últimos dez anos.

Por volta das 15h (horário local), uma explosão causada por um caminhão carregado com explosivos ocorrida próximo a uma base aérea em Cali, terceira maior cidade do país, deixou cinco mortos e 36 feridos, segundo informações oficiais que ainda não atribuíram a autoria do ataque a nenhum grupo específico.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram o caos com veículos incendiados, casas destruídas, feridos no chão e moradores fugindo desesperados ao som de alarmes e gritos.

Além disso, no noroeste do país, a maior dissidência da antiga guerrilha das Farc invadiu um esquadrão da polícia envolvido na erradicação de plantações ilícitas. Armados com fuzis e drones, os rebeldes derrubaram um helicóptero e confrontaram a polícia, resultando em oito mortes. As autoridades ainda não confirmaram se todas as vítimas faziam parte das forças de segurança.

Caos em Cali

A região norte de Cali viveu momentos de pânico após o ataque que teve como alvo uma escola militar de aviação, conforme informado pelo prefeito Alejandro Eder em sua conta na rede X.

Héctor Fabio Bolaños, reitor de uma escola próxima que foi evacuada, contou à AFP: “O ruído da explosão foi intenso. Depois, ninguém podia passar ou ver nada devido aos feridos e aos danos em muitas casas em frente à base”.

As aulas vespertinas foram suspensas e as crianças foram entregues aos seus pais para evitar maiores sustos.

Com 2,2 milhões de habitantes, Cali é a principal cidade do Pacífico colombiano e enfrenta uma disputa intensa entre grupos guerrilheiros e traficantes por controle do lucrativo comércio da cocaína voltada para os Estados Unidos e Europa.

Comerciante local, Alexis Atizábal relatou danos em seu estabelecimento causados pela explosão que quebrou várias janelas próximas ao local.

Este episódio se soma a uma série de ataques recentes com explosivos e drones na região, que já causaram várias mortes e espalharam medo entre os moradores.

Contexto e resposta do governo

Após o acordo de paz de 2016 que desarmou a maioria das Farc, outras facções armadas cresceram em áreas onde o Estado não exerce controle efetivo.

O presidente de esquerda Gustavo Petro pediu que o Estado colombiano e a comunidade internacional classifiquem duas dissidências das Farc e o grupo Clã do Golfo, o maior cartel de cocaína, como organizações terroristas.

Desde que assumiu o cargo, Petro tenta negociar com os grupos armados, embora a maioria das negociações esteja parada. Apenas as conversas com o Clã do Golfo, ocorrendo no Catar, têm avançado.

O ataque com drones e fuzis aconteceu em Antioquia, durante operações antinarcóticos. Vídeos mostraram o helicóptero sendo derrubado e uma nuvem de fumaça preta subindo da montanha.

O emprego de drones com explosivos tem aumentado significativamente no conflito colombiano. Relatório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha destaca que as vítimas de artefatos explosivos dobraram nos primeiros meses de 2025, especialmente devido ao uso intensivo dessa tecnologia.

Em 2023, a Colômbia registrou um recorde de 253 mil hectares plantados com folha de coca. Para combater isso, Petro promove um programa de erradicação voluntária com incentivos econômicos aos agricultores.