Mundo
Vítimas de Epstein criticam divulgação parcial e lenta dos arquivos nos EUA
Sobreviventes do falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein, ligado a figuras proeminentes da política e celebridades dos Estados Unidos, expressaram nesta segunda-feira (22) sua insatisfação com a divulgação incompleta dos documentos do caso realizada pelo Departamento de Justiça norte-americano.
O Congresso dos Estados Unidos aprovou uma legislação determinando que os registros oficiais relacionados a Epstein fossem divulgados até o dia 19 de dezembro. Oficialmente, o ex-financista cometeu suicídio em uma prisão nova-iorquina em 2019, antes que pudesse enfrentar um julgamento.
Em uma declaração publicada na rede social X, um grupo de vítimas destacou que apenas uma pequena parte dos documentos foi disponibilizada e ressaltou que os documentos divulgados na última sexta-feira continham cortes incomuns e intensos, sem justificativas claras.
“Fomos informados de que ainda existem centenas de milhares de páginas de documentos não divulgados”, relataram. “Isso configura violações evidentes de uma norma clara”, complementaram.
Apenas um segmento dos papéis estava acessível no site do Departamento de Justiça na noite de sexta-feira, e muitos continham censuras, como uma transcrição de 119 páginas de deliberações de um júri, cuja divulgação havia sido autorizada por um juiz federal, conforme mencionado no comunicado.
“Ao mesmo tempo, diversos nomes de vítimas foram expostos, causando danos reais e imediatos”, alertaram.
O Departamento de Justiça justificou que necessita de mais tempo para liberar o restante dos documentos.
Por outro lado, legisladores democratas interpretam o atraso como uma manobra política para impedir a divulgação de informações possivelmente prejudiciais ao então presidente Donald Trump, que aparece em fotografias com Epstein.
“Trata-se de uma tentativa clara de encobrir os fatos. Pam Bondi e Todd Blanche estão protegendo Donald Trump de responder por seus atos, e o Senado precisa intervir”, afirmou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, referindo-se à secretária de Justiça e ao procurador-geral adjunto, respectivamente.
Nesta segunda-feira, Trump falou pela primeira vez sobre a divulgação dos arquivos iniciada na última sexta-feira.
Em sua residência em Mar-a-Lago, declarou aos jornalistas que “todo esse assunto envolvendo Epstein é uma maneira de desviar a atenção do grande sucesso obtido pelo Partido Republicano”.
Ele argumentou que a divulgação dos documentos “danifica a reputação” de pessoas que conheceram Epstein. Trump negou ter sido amigo do ex-financista, apesar das evidências existentes dessa ligação.
O republicano citou as fotografias em que aparece o ex-presidente democrata Bill Clinton. “Sempre tive uma boa relação com Bill Clinton. Lamento que essas fotos estejam sendo divulgadas.”
“Também há imagens minhas”, comentou. “Todos eram amistosos com esse indivíduo [Epstein].”
“Provavelmente, outras pessoas que conheceram Jeffrey Epstein de forma inocente há muitos anos também terão suas fotos expostas; são banqueiros, advogados e outros profissionais muito respeitados”, concluiu.


Você precisa estar logado para postar um comentário Login