Economia
Vorcaro nega venda de carteiras falsas e critica BC no STF
Daniel Vorcaro, proprietário do banco Master, declarou em seu depoimento à Polícia Federal que o banco sob sua gestão sempre manteve-se financeiramente estável e que a decisão do Banco Central de decretar sua liquidação foi inesperada.
Durante aproximadamente duas horas e trinta minutos de interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário negou as acusações relacionadas à venda de carteiras de crédito falsas, que motivaram a investigação, e criticou a atuação do Banco Central no processo.
O depoimento, feito presencialmente, contou com a presença de um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli, responsável pelo caso. Além de Vorcaro, também prestaram depoimento o ex-presidente do Banco de Brasília, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos.
A investigação aponta que o banco de Vorcaro teria tentado burlar a fiscalização do Banco Central através da venda de carteiras de crédito falsas para o BRB, com documentos que mostraram inconsistências nas operações.
O empresário afirmou que até 17 de novembro, data de sua prisão e um dia antes da liquidação do banco pelo BC, o Master era solvente, sem dívidas pendentes. Ele explicou que buscou uma solução mercadológica para o banco, negociando sua venda para um grupo de investidores liderado pelo Grupo Fictor, fato comunicado oficialmente ao Banco Central.
Vorcaro foi detido no Aeroporto Internacional de Guarulhos ao tentar embarcar para os Emirados Árabes Unidos, onde pretendia finalizar a venda.
O banqueiro afirmou que o banco estava sendo monitorado diariamente pelo Banco Central e que ele pessoalmente injetou R$ 6 bilhões nos últimos meses para manter a estabilidade da instituição. Ele destacou que clientes retiraram R$ 10 bilhões em investimentos durante o ano e que todos os saques foram honrados.
Um argumento da defesa é que, revertendo a liquidação, o banco poderia quitar todas as obrigações sem prejuízo para os investidores.
Negativa sobre carteiras falsas
Vorcaro reafirmou que não houve venda de carteiras de crédito falsas, conforme a investigação, destacando que a operação com o BRB não foi concluída, eliminando riscos de prejuízo ao banco público. Ele apontou que o Master substituiu essas carteiras por outros ativos, aplicando um desconto de 30%, todos devidamente auditados. Essa informação foi confirmada por Paulo Henrique durante a acareação.
A defesa do banqueiro respeita o sigilo processual, mas comentou que o depoimento foi uma oportunidade para esclarecer os fatos, confirmando que não houve fraude contra o BRB.
Acareação dos depoentes
Após os interrogatórios, a Polícia Federal promoveu uma acareação entre Vorcaro e Paulo Henrique. A defesa deste último disse que não há contradições, apenas diferenças na interpretação de certos fatos, e que os depoimentos convergiram na acareação.
Inicialmente, o ministro Toffoli havia determinado uma acareação entre os três envolvidos, mas após críticas, o STF permitiu que a PF decidisse sobre o confronto.
A ausência de despacho formal comunicando essa mudança gerou tensão entre a delegada da investigação e o juiz auxiliar, considerada por testemunhas como um ambiente tenso. Para resolver, o juiz auxiliar obteve autorização verbal do ministro Toffoli para a continuidade dos depoimentos.


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