Economia
Warner recusa oferta da Paramount para compra
Warner Bros. Discovery rejeitou nesta quarta-feira uma proposta hostil de aquisição feita pela Paramount na semana passada, que visava impedir os planos da Netflix, gigante do streaming, de adquirir o estúdio de Hollywood controlador da CNN.
Em nota, a empresa comunicou que seu conselho de administração decidiu unanimemente que a proposta da Paramount não atende aos interesses da Warner nem dos seus acionistas. O conselho destacou também que a oferta não se enquadra nos critérios de uma “Proposta Superior”, conforme o acordo de fusão firmado com a Netflix em 5 de dezembro.
Preocupações com o financiamento
Um ponto central de conflito foi a preocupação acerca do financiamento apresentado pela Paramount, liderada por David Ellison. Conforme fontes consultadas pela Bloomberg, grande parte dos recursos estaria atrelada a um fundo que administra a fortuna de seu pai, Larry Ellison, bilionário no setor de software e CEO da Oracle. Por ser um fundo revogável, os ativos poderiam ser retirados a qualquer momento, provocando dúvidas sobre a segurança do financiamento.
O conselho da Warner Bros. também expressou receio quanto à capacidade da empresa em manter suas operações durante o período, que pode durar mais de um ano, necessário para aprovação regulatória da possível venda. Segundo fontes, a oferta da Paramount não oferece flexibilidade suficiente para a gestão operacional e financeira da companhia nesse intervalo.
A Paramount, que controla a CBS e a MTV, declarou em documento protocolado que respondeu às preocupações da Warner Bros. relacionadas à flexibilidade para refinanciar dívidas e ao pagamento de uma multa rescisória de US$ 5 bilhões, a ser garantida pela família Ellison.
A empresa também ajustou outros aspectos da oferta. Aproximadamente US$ 1 bilhão em financiamento da chinesa Tencent foi removido após receios de que o aporte pudesse levantar questionamentos de segurança nacional junto às autoridades dos EUA.
Venda para Netflix
Este mês, a Warner Bros. aceitou vender seus estúdios, o serviço de streaming e a HBO para a Netflix por US$ 27,75 por ação, totalizando cerca de US$ 83 bilhões, incluindo dívidas. O acordo encerrou uma disputa de lances que durou semanas entre Netflix, Paramount e Comcast.
Separadamente, a empresa planeja separar redes de TV a cabo como CNN e TNT e distribuí-las aos acionistas antes de finalizar o negócio com a Netflix.
A Paramount havia oferecido US$ 30 por ação pela Warner Bros., avaliando a companhia em mais de US$ 108 bilhões, incluindo dívidas. Após o anúncio do acordo entre Netflix e Warner Bros., a empresa levou sua proposta diretamente aos acionistas com uma oferta pública de aquisição.
A Paramount indicou que sua oferta não é definitiva, sinalizando possibilidade de aumento do valor. As ações da Warner Bros. estavam sendo negociadas a US$ 29,109, sugerindo que investidores apostam em um preço maior.
A oferta da Paramount enfrentou um revés quando a Affinity Partners, gestora de private equity de Jared Kushner, genro do presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se da disputa. A Affinity havia entrado no processo em outubro.
Um representante afirmou que, com dois fortes competidores disputando este ativo americano singular, a Affinity decidiu não continuar. No entanto, mantém a crença na justificativa estratégica da oferta da Paramount.
Conforme o acordo com a Netflix, a Warner Bros. está proibida de solicitar propostas de outros compradores, mas pode analisar ofertas espontâneas. Caso surja uma proposta considerada superior, a empresa deve oferecer à Netflix o direito de igualar a oferta para tentar proteger o acordo vigente.

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