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PF prende blogueiro bolsonarista no inquérito dos atos antidemocráticos

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Polícia Federal: organização prendeu blogueiro bolsonarista em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul (Tomaz Silva/Agência Brasil)

A Polícia Federal prendeu nesta sexta, 26, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, investigado no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos no país. Ele foi detido em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Segundo apurou o Estadão, investigadores identificaram risco de que ele pudesse fugir do país. Monitorado pela PF, Eustáquio poderia estar em contato com outros investigados por meio de terceiros.

Oswaldo teve o sigilo financeiro e bancário quebrado por ordem do ministro Alexandre de Moraes na semana passada, que também cobrou o envio de relatórios financeiros e pagamentos efetuados ao blogueiro pela monetização de vídeos e publicações feitas em suas redes sociais.

A quebra de sigilo engloba o período de 19 de abril do ano passado, o Dia do Exército, ‘marco mais remoto que se pode cogitar do início de eventual concertação para organizar os atos antidemocráticos em apuração’, até o dia 3 de maio deste ano — ‘data da manifestação imediatamente seguinte à que aconteceu durante a celebração daquela efeméride neste ano.’

O blogueiro mantém um site em que defende medidas e propostas ao Planalto, suas publicações são replicadas pelos filhos do presidente nas redes sociais.

Em uma de suas lives, um ativista insinuou que o deputado federal Jean Wyllys teria tido contato com o esfaqueador do presidente, Adélio Bispo. Perante a Polícia Federal, o homem não sustentou a versão.

Apesar do desmentido, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) compartilharam uma peça de desinformação derivada da live.

Os dois foram condenados pela Justiça a excluir as publicações em ação movida por Jean Wyllys — Oswaldo também foi alvo da medida.

O blogueiro foi detido no mesmo inquérito que levou à prisão a extremista Sara Giromini, solta nesta semana após dez dias de prisão provisória.

Ambos são investigados por integrar núcleo de suposta organização criminosa que visa obter ganhos econômicos e políticos com a divulgação e coordenação de atos antidemocráticos no país. O inquérito sigiloso está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Além dele, outras seis pessoas já foram presas durante a investigação a pedido da Procuradoria-Geral da República, incluindo Sara. Todos eles foram soltos nesta semana, mas serão monitorados por tornozeleira eletrônica.

Pelas redes sociais, Oswaldo afirmou que seu ‘núcleo de jornalismo investigativo’ estava na fronteira com o Paraguai para desvendar o ‘segredo do sucesso’ do país no combate ao novo coronavírus, afirmando que seria a abertura do comércio.

Oswaldo foi condenado em fevereiro a indenizar o jornalista Glenn Greenwald por ter ofendido a mãe dele, Arlene Greenwald, que morreu em dezembro vítima de um tumor no cérebro. Meses antes, o militante postou nas redes que a doença da mãe de Glenn era mentira.

A mulher dele, Sandra Terena, é secretária nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Associação criminosa

O inquérito que apura atos antidemocráticos foi aberto em abril a pedido da Procuradoria-Geral da República. Foi no âmbito desta investigação que Sara Giromini foi presa provisoriamente desde o dia 15 de junho.

No dia 14, Moraes autorizou a soltura da apoiadora bolsonarista, mas determinou o uso da tornozeleira. Sara só pode sair de casa para trabalhar ou estudar, mantendo distância mínima de 1,5 do Congresso e do STF.

Com a medida cautelar, a extremista está proibida de participar de atos ou manifestações que tem sido conduzidas pelo grupo que liderava, o ‘300 do Brasil’. As medidas cautelares se estendem a outros cinco investigados do inquérito, que também foram detidos.

Em decisão tornada pública na segunda, 22, Moraes mencionou trechos de manifestação sigilosa da PGR que apontam a ‘real possibilidade’ de atuação de uma associação criminosa voltada para a ‘desestabilização do regime democrático’ com o objetivo de obter ganhos econômicos e políticos.

“Os indícios apresentados na manifestação apresentada pela Procuradoria-Geral da República confirmam a real possibilidade de existência de uma associação criminosa”, escreveu Moraes, em decisão que autorizou buscas e apreensões contra apoiadores do governo. O sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos bolsonaristas, foi quebrado.

A PGR identificou vários núcleos ligados à associação criminosa, sendo eles ‘organizadores e movimentos’, ‘influenciadores digitais e hashtags’, ‘monetização’ e ‘conexão com parlamentares.’

Na avaliação da Procuradoria, os parlamentares ajudariam na expressão e formulação de mensagens, além de contribuir com sua propagação, visibilidade e financiamento.

“Os frequentes entrelaçamentos dos membros de cada um dos núcleos descritos acima indiciam a potencial existência de uma rede integralmente estruturada de comunicação virtual voltada tanto para a sectarização da política quanto para a desestabilização do regime democrático para auferir ganhos econômicos diretos e políticos indiretos”, apontou trecho da manifestação da PGR reproduzida por Moraes.

A Procuradoria destacou a existência de ‘abusos e crimes que precisam ser apurados’ no caso.

Com a palavra, o blogueiro Oswaldo Eustáquio

Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com a defesa do blogueiro Oswaldo Eustáquio. O espaço permanece aberto a manifestações.

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