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Lula alerta que adiar mudanças na ONU deixa o mundo mais perigoso

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (6) que a demora para reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) torna o mundo mais instável e perigoso. A fala foi feita durante a abertura da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.

Lula criticou gastos militares, terrorismo, ações de Israel e o uso político da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Ele foi o primeiro a falar na sessão sobre Paz e Segurança, e a necessidade de reformar a governança global.

Na visão do presidente, este é o momento global mais difícil desde que o Brasil passou pela presidência do Brics. “Estamos vendo um colapso sem igual do multilateralismo”, afirmou.

O presidente Lula ressaltou que o Brics é herdeiro do Movimento dos Não-Alinhados, onde países buscavam autonomia sem seguir cegamente os líderes ocidentais, principalmente os Estados Unidos. “Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está ameaçada novamente”, disse.

Lula alertou que os avanços recentes em comércio, clima e saúde global estão em risco. Ele criticou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA, por alimentar a corrida armamentista e priorizar gastos militares em vez de cooperação para o desenvolvimento.

O Conselho de Segurança da ONU, com 15 membros, só tem cinco permanentes com poder de veto: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido. O Brasil já participou, mas sem cadeira permanente nem poder de veto. O presidente afirmou que decisões do conselho estão marcadas por perda de credibilidade e inação.

Segundo Lula, o conselho muitas vezes não é consultado antes do início de conflitos bélicos, e retóricas antigas são usadas para justificar intervenções ilegais. Ele criticou o uso político da AIEA, colocando em risco a credibilidade da agência essencial para a paz.

Lula também denunciou o aumento do risco de catástrofe nuclear no mundo.

Sobre o terrorismo e os conflitos no Oriente Médio, ele condenou ataques do Hamas na Caxemira e a ofensiva israelense na Faixa de Gaza, ressaltando que nada justifica o terrorismo, mas também pediu atenção para o sofrimento dos civis em Gaza.

No conflito na Ucrânia, o presidente pediu diálogo direto para cessar as hostilidades e destacou o papel do Grupo de Amigos para a Paz, liderado por China e Brasil, para buscar soluções.

Luiz Inácio Lula da Silva destacou que a comunidade internacional falhou em apoiar o Haiti, mas reconheceu avanços da ONU, como a proibição de armas químicas e biológicas. Ele afirmou que o Brics deve ajudar a atualizar a governança global para refletir o mundo multipolar do século XXI.

Defendendo que o Conselho de Segurança seja reformado para ser mais democrático, legítimo e efetivo, o presidente pediu a inclusão de novos membros permanentes da Ásia, África, América Latina e Caribe, afirmando que isso é vital para a sobrevivência da ONU.

Ele ressaltou que atrasar a reforma torna o mundo mais instável e perigoso.

O Brics é composto por 11 países: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia. Esses países representam 39% da economia e quase metade da população mundial.

Além dos membros, há parceiros do Brics, como Belarus, Bolívia, Cazaquistão, entre outros, mas esses não possuem direito a voto. O Brics busca cooperação e igualdade dentro dos organismos internacionais, mas não é uma organização formal, não possuindo orçamento ou secretariado fixo, nem força para impor decisões.

A presidência do grupo muda a cada ano, e após o Brasil, será a Índia que comandará em 2026.

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