O diretor-executivo da Polícia Federal em São Paulo, Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, afirmou na manhã desta quarta-feira (13) que o diretor-geral da PF [Leandro Daiello Coimbra] possui mais força que o ministro da Justiça, que já foi trocado duas vezes pela presidente Dilma Rousseff em 2016. Dois integrantes do Ministério Público foram chamados após a saída de José Eduardo Cardozo.
A declaração foi dada durante um evento jurídico para estudantes na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), na Zona Oeste de São Paulo. Perguntado sobre ele via o futuro da Operação Lava Jato diante do cenário polític instável, no qual se fala em acordo em relação a fatos políticos quando os inquéritos chegam ao Supremo Tribunal Federal, Godoy respondeu:
“O momento que o Brasil vive hoje, apesar da crise institucional, é muito favorável às instituições de modo que, hoje, um presidente não consegue interferir no andamento da Lava Jato. Hoje, nosso diretor-geral está perene no cargo, ele está de uma forma que acho que tem mais força que ministro da Justiça, uma vez que tem conduzido com isenção, com idoneidade toda a investigação. A força dele está na força da PF”.
“Hoje as instituições, em especial a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o Poder Judiciário atingiram grau de independência que, apesar de mesmo que nós não temos autonomia, por estarmos subordinados ao Executivo, temos hoje nos nossos quadros condições de tocar investigação independente de vontade política, independentemente de orçamento, de um ou outro dirigente”, disse Godoy.
Nesta terça-feira (12), a Justiça Federal suspendeu a nomeação do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, empossado no último dia 17 de março no cargo. A decisão tem validade imediata, mas pode ser revertida por meio de um recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), com sede em Brasília. A AGU recorreu. No despacho, a juíza cita trecho da Constituição que proíbe membros do Ministério Público de assumir cargos no Executivo. Aragão se licenciou do posto de subprocurador-geral da República para assumir o cargo no governo.
“Em nenhum momento pretendíamos levar Lula para Curitiba, não tinha avião esperando, não tinha nada disso como alguns da imprensa falaram no dia”, afirmou.
Grampos de Lula
O delegado questionou se houve invasão de privacidade na divulgação de grampos de um segurança do ex-presidente Lula e que, segundo ele, estava no nome de outra pessoa.
“Tivemos áudios divulgados que não tem nada a ver com a investigação e temos que pensar à luz da legislação e repensar”.
“Tivemos áudios divulgados de familiares do ex-presidente que não tem nada a ver com a investigação, nada, mas daí falam quem mandou ser filho dele. Não é assim. Nos sabemos que enquanto não é conosco isso gera sem sombra de dúvidas uma repugnância. Mas por outro lado pensa um dia vc numa situação dessas. Pensa em se fazer a pergunta: e se fosse comigo seria justo isso? São questões bem atuais e que devemos pensar e repensar”, completou.
“O mérito em si eu não posso entrar porque é uma questão que está sob júdice do STF e eu trabalho com ela, e eventualmente temos a responsabilidade de conduzir estas medidas investigativas. No momento a decisão do juiz Sérgio Moro foi no sentido da publicidade com o fundamento jurídico da garantia da ordem pública do interesse público. Por um lado é correto. Temos de outros juristas, ministros que se manifestaram no sentido contrário, que não deveria ter sido dibulgado. Agora com relação ao mérito é de bom tom deixar a decisão ao STF”.
Para Godoy, a Lava Jato mudou o rumo das investigações no Brasil. “A Lava Jato hoje é um marco. Por mais que no futuro, analisando de uma forma subjetiva, possa ter insucessos com relação a medidas que possam ter sido consideradas abusivas, hoje eu acho que é um caminho sem volta”, disse ele, referindo-se ao uso de delações premiadas e interceptações telefônicas para investigar casos de corrupção pública.
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