Plutão está coberto por dunas surpreendentes de grãos gelados de metano, que se formaram numa época relativamente recente, apesar da atmosfera rarefeita do planeta-anão gelado, anunciou nesta quinta-feira um grupo internacional de pesquisadores.
A atmosfera de Plutão é 100 mil vezes menos densa do que a da Terra, e os pesquisadores acreditavam que ela poderia ser muito baixa para permitir que os pequenos grãos de metano sólido fossem transportados pelo ar.
Mas os ventos suaves que sopram na superfície de Plutão a uma velocidade de entre 30 e 40km/h formaram estas dunas, localizadas entre uma geleira e uma cordilheira, explicam os pesquisadores em um relatório publicado pela revista “Science”.
“Parece que a procedência dos grãos das dunas é o gelo de metano que sai das montanhas próximas”, assinalaram. “Embora não se possa descartar o gelo de nitrogênio”.
As dunas estão espalhadas ao longo de uma espécie de cinturão de cerca de 75km da largura, e foram registradas pela nave New Horizons, da Nasa, em 2015.
“Quando vimos pela primeira vez as imagens da New Horizons, achamos na hora que se tratassem de dunas, mas foi realmente surpreendente, porque sabemos que ali não há muita atmosfera”, comentou uma das autoras, Jani Radebaugh, professora associada do departamento de ciências geológicas da Universidade Brigham Young, em Utah, Estados Unidos.
“Apesar de estar 30 vezes mais afastado do Sol do que a Terra, resulta que Plutão ainda tem características parecidas com as da Terra”, assinalou.
Outros corpos celestes que apresentam dunas, além da Terra, incluem Marte e Vênus, bem como a Lua de Saturno Titã e o cometa 67P.
“Sabíamos que cada corpo do sistema solar com uma atmosfera e superfície rochosa sólida apresenta dunas, mas não sabíamos que iríamos encontrá-las em Plutão”, comentou Matt Telfer, autor principal e professor de geografia física na Universidade de Plymouth, Inglaterra.
“Resulta que, apesar de haver muito pouca atmosfera e a temperatura da superfície ser de cerca de -230°C, ainda assim dunas são formadas”, disse.
Os cientistas também acreditam que as dunas, que parecem inalteradas, podem ter se formado nos últimos 500 mil anos, ou muito mais recentemente.
Na Terra, para se formarem com areia dunas como estas, são necessários ventos mais fortes, assinalou o coautor Eric Parteli, professor de geociências computacionais na Universidade de Colônia, Alemanha.
“A gravidade consideravelmente mais baixa de Plutão e a pressão atmosférica extremamente baixa significa que os ventos necessários para manter o transporte de sedimentos podem ser 100 vezes mais fracos”, explicou.
Em Plutão, a radiação solar também causa gradientes de temperatura – variação de temperatura por unidade de distância – na camada de gelo granular, o que contribui para a formação das dunas.
“Juntos, descobrimos que estes processos combinados podem formar dunas em condições de vento normais e cotidianas em Plutão”, assinalou Parteli.
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