Apoio discreto a Flávio Bolsonaro gera dúvidas sobre empenho de Tarcísio

Em sua primeira manifestação pública após o anúncio da pré-candidatura presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi reservado ao declarar apoio ao filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e modificou o tom sobre a fragmentação da direita em diferentes candidatos para a Presidência da República em 2026.

Questionado por jornalistas sobre a declaração de Flávio Bolsonaro na noite da segunda-feira (8/12), durante um evento em Diadema, na Grande São Paulo, Tarcísio ressaltou que mantém uma “lealdade inegociável” a Jair Bolsonaro, disse de forma contida que “o Flávio terá nosso apoio”, mas observou que o senador se une a outros presidenciáveis da centro-direita.

“O Flávio terá nosso apoio. Ele assume uma grande responsabilidade agora, juntando-se a outros nomes importantes da oposição”, declarou Tarcísio, mencionando nominalmente os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), “todos muito competentes”.

Nesta segunda, Tarcísio afirmou que “existem outros nomes sim” concorrendo ao Palácio do Planalto na direita e que “a diversidade de candidaturas será um acréscimo”. O governador ressaltou que o grupo compartilha ideias, mas que a união deve ocorrer somente no segundo turno.

“Creio que teremos diversos candidatos e projetos que irão convergir para um candidato único no segundo turno. Em termos de estratégia eleitoral, isso é positivo”, declarou Tarcísio.

Este discurso marca uma mudança nas declarações públicas de Tarcísio. Duas semanas atrás, o governador defendeu, em evento no setor financeiro, que a direita deveria apresentar um projeto único, liderado por Jair Bolsonaro.

“Se você conversar com qualquer governador, eles compartilham o mesmo pensamento. Todos querem salvar o Brasil, recuperar o país, sem necessidade de ser protagonista nesse grupo”, comentou Tarcísio em evento da XP Asset Management.

“Se mobilizarmos essa energia com vontade real de transformação, nada poderá nos parar”, continuou o governador.

Embora tenha admitido no evento que talvez não seja o protagonista desse movimento, Tarcísio também indicou que o nome de Flávio Bolsonaro não entusiasma inteiramente o governador.

Outros sinais de falta de esforço

Quando perguntado se Flávio é a melhor opção para representar a direita na eleição presidencial do próximo ano — Tarcísio lidera em pesquisas eleitorais —, o governador paulista respondeu que “é cedo para avaliar”.

“Isso será avaliado com o tempo. Acho que ainda é cedo. Precisamos de um período de amadurecimento”, declarou Tarcísio.

Diferentemente de declarações anteriores sobre a eleição presidencial, nesta segunda-feira (8/12), Tarcísio não reiterou que disputará a reeleição ao governo de São Paulo – mensagem oficial que costuma dar quando questionado sobre a corrida presidencial de 2026.