São Paulo — O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na noite de quarta-feira, 29, que não vê conflito entre os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo e disse que as tensões do atual momento do Brasil decorrem do discurso anti-establishment que elegeu o presidente Jair Bolsonaro.
“Temos uma situação em que o presidente da República foi eleito com 58 milhões de votos com um discurso anti-establishment, contra o sistema, contra ‘tudo isso que está aí’. No entanto, para fazer as mudanças que o Brasil precisa, é preciso negociar com esse sistema porque o sistema não mudou”, avaliou o ministro em entrevista à TV GloboNews. Em outro trecho da conversa, Barroso afirmou que o discurso que elegeu o presidente “não permite que você governe”.
Questionado sobre as disputas entre os Poderes, afirmou que não vê conflitos. “Não vejo. Nós temos turbulências políticas. As instituições foram capazes de absorver todas as crises. Acho que estamos vivendo um momento institucionalmente complexo”. Na entrevista, o ministro ressaltou sua preocupação com a defesa e o aprimoramento das instituições. “Estamos vivendo turbulências e tensões perfeitamente normais numa democracia”.
‘Pacto entre Poderes’
Após manifestações de rua que defenderam o governo e criticaram o Congresso e o Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do STF, Dias Toffoli, esboçaram, na terça-feira, 28, as linhas gerais de um “Pacto pelo Brasil”.
O plano de Bolsonaro é lançar o acordo de cavalheiros no próximo dia 10, em uma cerimônia em grande estilo, no Palácio do Planalto, para mostrar que um freio de arrumação, patrocinado pelo Executivo, virou a página da crise. Trata-se, na prática, de um pacto de governabilidade, que classifica as demandas da população como “o grande farol” da democracia.
Bolsonaro disse não querer conflito na relação entre os Poderes. Fora do Planalto, Dias Toffoli é o maior entusiasta da proposta. Maia disse que vai consultar deputados antes de assinar o documento. Na Câmara, líderes demonstraram ceticismo.
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