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Centro-Oeste

Com sintomas parecidos, dengue e doenças respiratórias confundem pacientes

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Além da infecção pelo mosquito Aedes aegypti, as doenças respiratórias sazonais levam equipes de atendimento nas tendas de acolhimento de emergência a tomarem medidas que evitam a exposição de pacientes a diversos vírus

Em funcionamento há quatro dias, a tenda de acolhimento para pacientes com dengue no Guará tem alta procura. A população busca o atendimento com sintomas de dengue, mas também de doenças respiratórias sazonais, como asma, bronquiolite, influenza, além de covid-19. Por isso, os profissionais de saúde estão distribuindo máscaras descartáveis logo na entrada, e são orientados a identificar se os pacientes apresentam sintomas diversos antes mesmo da triagem. “Nossa preocupação é não misturar os pacientes, porque é perigoso para quem está com dengue ficar exposto a outros vírus”, explicou Camila Bernardes Cunha, 29 anos, enfermeira e gestora da nova tenda.

O médico André Bon, infectologista do Exame Medicina Diagnóstica, da Rede Dasa no DF, alerta que, para diferenciar os sintomas da dengue de outras doenças, é importante ficar atento, principalmente, aos sinais de tosse e coriza. “Em comum, a dengue e as doenças respiratórias têm a febre, a dor no corpo, prostração, mas as viroses respiratórias vão cursar com dor de garganta, tosse seca, nariz escorrendo, olho vermelho”, detalha o médico.

Durante o outono e o inverno, segundo explica o especialista, começa a aumentar a incidência de doenças respiratórias, especialmente as infecções por vírus sincicial respiratório, que acomete crianças, idosos e imunossuprimidos de maneira importante, levando ao aumento de internações hospitalares. “Além disso, a infecção pelo vírus influenza, causador da gripe, é uma causa importante de adoecimento da população e de síndrome respiratória aguda grave, especialmente”, completou André.

Atendimento

O Guará é a região administrativa com maior número de casos de dengue da região de saúde Centro Sul, com 5.150 ocorrências registradas no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) até 6 de abril. A enfermeira Camila ressalta que, apesar do pouco tempo de funcionamento, a unidade precisou acionar outros serviços de saúde para casos críticos. “Já recebemos casos graves que precisaram de transferência para UPA ou UBS”, destacou.

Rai Lopes, de 27 anos, trabalha ao ar livre como cuidador de cavalos. A mãe o acompanhou durante o atendimento na tenda, nessa segunda-feira (15/4). Tensa, Vanessa Pereira da Silva, 53, estava com medo de que o filho desmaiasse antes de chegar a consulta médica. Ele estava sofrendo de febre alta, diarreia, e fortes dores no corpo. Por sofrer de epilepsia, a mulher temia uma crise causada por estresse. “Os funcionários foram educados, mas ele (Rai) passou na triagem e não foi chamado para o consultório direto. Precisei reclamar para ele ser atendido logo. Ele não estava conseguindo nem ficar de pé muito bem”, lamentou a dona de casa.

 Vanessa Pereira da Silva acompanhou o filho, Rai, à tenda do Guará

Vanessa Pereira da Silva acompanhou o filho, Rai, à tenda do GuaráMarcelo Ferreira/CB/D.A Press

Andre Costa esteve na tenda do Guará com o filho, de 7 anos

Andre Costa esteve na tenda do Guará com o filho, de 7 anosMarcelo Ferreira/CB/D.A Press

 

Miguel Costa, 7, está deixando os pais preocupados desde que foi infectado pelo mosquito Aedes aegypti. O pai, André Costa, 38, relata que ele e a esposa, Natalia Stanzioni, 38, tiveram certeza de que o filho precisava de atendimento quando, no segundo dia de sintomas, a criança apresentou febre de 40° C. Na última quinta-feira, a tenda do Guará ainda estava em inauguração, então a família se dirigiu à Unidade Básica de Saúde I, onde obtiveram o resultado positivo para dengue.

Natalia comentou com a reportagem que a coleta de sangue foi agendada na UBS, mas, com o atendimento direcionado para a tenda, foi necessário realizar novamente o cadastro, e a triagem de Miguel no local. “Isso é ruim, sabendo que é um sistema único de saúde, porque os dados dos pacientes não estão integrados. A sensação é de que voltamos para o começo da fila, porque precisamos explicar novamente o passo a passo do que ele teve e dos exames que já fez”, disse a produtora cultural. Os resultados dos exames de Miguel apontaram nível de plaquetas acima de 150, indicando que ele está fora de perigo, mantendo-se os cuidados com hidratação, medicamentos e repouso.

Correio Braziliense

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