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Como funciona a prótese biônica do ciclista que perdeu seu braço em São Paulo

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No dia 10 de maio, David Santos Sousa foi atropelado enquanto andava de bicicleta, na Avenida Paulista, em São Paulo, por um carro. O acidente foi tão violento que seu braço direito foi arrancado. Sem risco de morte, a vida de David continuou, e uma nova chance surgiu: uma empresa decidiu doar um braço mecânico para o ciclista, para que ele possa recuperar pedaços de sua antiga vida. Conheça os detalhes sobre a avançada prótese biônica que David receberá.

A prótese que David utilizará é montada pela Conforpés, uma empresa de Sorocaba (SP). Montado é o termo ideal: ela é composta por três sistemas independentes — a mão, o punho e o cotovelo — que vêm de diversas partes do mundo: o primeiro é feito na Inglaterra, enquanto os outros dois são chineses. Para completar a prótese globalizada, as baterias que serão utilizadas são americanas. “O custo total, incluindo a fisioterapia e a adaptação, fica entre R$ 300 mil e R$ 320 mil”, explica Anderson Nolé, diretor técnico da empresa que doará a prótese.

O braço terá revestimento de silicone customizado. A pedido de David, o antebraço e o braço serão cobertos de tatuagens, e a mão será baseada na mão esquerda. Neste processo, um molde é criado a partir da mão amputada e várias informações adicionais, como cor da pele, presença de pelos, formato das unhas e posicionamento e coloração das veias, são coletadas. Tudo isso é enviado para a Inglaterra, onde é feito o revestimento. Anderson mandou fazer uma mão a partir da sua. O resultado, que você vê abaixo, é impressionante.

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A prótese inteira será comandada pelas contrações do bíceps e do tríceps, que são detectadas por meio de eletrodos colocados por cima da pele. Eles ficam no cartucho, parte do braço biônico moldada para se encaixar no coto, como é chamada a parte que restou da amputação. Sim, o braço biônico é simplesmente encaixado; ele dispensa procedimentos cirúrgicos e deve ser removido para dormir e tomar banho.

No caso da mão, a contração do bíceps fará ela se fechar, enquanto a contração do tríceps comandará o contrário. Ao contrário das próteses mais antigas, esta permite diversas configurações de movimentos e posições de dedos, chamados de pinças: a pinça principal movimenta o indicador e o dedo médio, enquanto a pinça de soco movimenta todos os dedos e a pinça de gatilho deixa o indicador esticado e move apenas o médio.

Ao todo, são 14 pinças; para alternar entre elas, David poderá apertar um botão nas costas da mão, girar o polegar até o máximo ou contrair o tríceps duas vezes seguidas rapidamente. Já para alternar entre mão, punho e cotovelo, basta contrair bíceps e tríceps ao mesmo tempo.

Como não estamos acostumados a precisar usar esses dois músculos para movimentar a mão e o punho, David precisará de uma a duas semanas de fisioterapia intensiva, com dias inteiros de treinamento na Conforpés, para aprender a usar a prótese. Ele já está fazendo um tratamento prévio na USP para conseguir utilizar melhor a mão esquerda e, além disso, manter o tônus muscular do coto do braço direito, já que ele pode atrofiar se não for exigido. A empresa ainda aguarda a chegada de uma última peça para finalmente começar o processo. A expectativa é que isso ocorra nos próximos meses.

Felizmente, a musculatura que restou do braço de David está em bom estado, o que facilita a implantação da prótese. Mas Anderson destaca outra parte do corpo que é tão importante quanto: a cabeça. “David tem uma cabeça excelente e é um menino esforçado e muito comprometido com o próprio tratamento.” Que a força de vontade de David o ajude tanto quanto a tecnologia.

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