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DF uma cidade sem saúde pública

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A precariedade da saúde pública no Distrito Federal não se limita à demora no atendimento nos pronto- socorros. Até mesmo um simples exame que deveria ser feito durante a internação não é mais garantido. E imagine só esperar anos  por uma cirurgia emergencial.

De tanto esperar por uma cirurgia que resolveria o problema de retinopatia, uma das complicações na visão por conta do diabetes, a dona de casa Adnalda Pereira Bispo, 46 anos, está ficando totalmente cega. A doença é passível de tratamento. Entretanto, devido à demora, ela já perdeu a visão do olho direito. “Agora temo perder a visão do outro olho porque já espero pela cirurgia há muito tempo”, desabafa.

A dona de casa recebeu o diagnóstico há três anos. “Entrei na fila para operar, mas de tanto esperar, os médicos falaram que o meu caso tinha ficado mais grave e que já não adiantaria mais a operação”, explica. O caso se tornou tão complicado que o olho esquerdo também ficou comprometido. “Se eu estiver enxergando 30% do olho que me resta é muito”, lamenta.

 A Justiça já ordenou que a cirurgia fosse feita de imediato. Mesmo assim, nada foi feito porque, segundo os médicos, ela deveria tratar primeiro de uma catarata.

 Em junho, Adnalda chegou a dormir na fila do Hospital de Base para marcar a consulta de catarata e de nada adiantou. “Os hospitais públicos estão um caos, não tenho mais a quem recorrer”, reclama.

 Sem poder ler e andar sozinha, Adnalda não sabe como lidar com a cegueira. “Conheço um pessoa que estava com este problema, mas por ter condições financeiras ela tratou rapidamente e hoje está muito bem. Infelizmente, não tenho a mesma sorte”, reconhece.

Quem também se queixa da saúde pública é a artesã Angelina da Silva, 31 anos, que passou 17 dias com a filha Ana Clara da Silva, de seis anos, internada no Hospital de Santa Maria. Mesmo com a internação, não foi feito o exame de urina que a menina precisava. Em todas as tentativas,  os médicos suspendiam a medicação de Ana Clara para fazer a coleta   e por mais de três vezes o hospital perdeu o material.

 A criança está com uma inflamação no joelho, chamada   celulite. “No primeiro momento, procuramos a UPA do Recanto das Emas, mas não conseguimos atendimento, então o pai dela e eu a levamos ao Hospital de Santa Maria. Para internar foi de imediato, mas o laboratório da unidade não funciona”, explica a mãe da garota.

 Com medo de a filha pegar uma bactéria, os pais pediram a liberação da menina para fazer o exame em uma clínica particular. “No mesmo dia já fizemos o exame, que custou apenas R$ 17”, comenta. No dia 8 deste mês, a clínica entregará o resultado, quando Ana Clara deve retornar ao hospital. “Embora ela esteja melhor, a minha filha ainda não recebeu alta. E, se tudo der certo, não precisaremos mais ficar com ela internada”, espera Angelina.

Até quando o povo irá viver este descaso?,quando isto terá fim e teremos uma saúde pública de qualidade e que seje espelho para o resto do país?.

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