Notícias Recentes
PM aponta ‘divergência conceitual’ após confusão sobre líder do PCC
Em documento interno confidencial, a Polícia Militar de São Paulo esclarece o uso controverso dos termos “líder” e “sintonia final” do Primeiro Comando da Capital (PCC) para se referir a um homem morto pela Rota em 28 de novembro, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. O relatório, ao qual o Metrópoles teve acesso, aponta essa polêmica como resultado de uma “divergência conceitual” sobre a estrutura da facção criminosa.
Carlos Alves Vieira, 48 anos, conhecido como Ferrugem, é destacado no documento como um elemento relevante do crime na Grande São Paulo, embora não seja apresentado como integrante da liderança ou comando da maior facção do Brasil.
Segundo o relatório, o termo “sintonia final” que antes era exclusivo aos chefes do PCC, tem sido usado mais amplamente por criminosos em níveis regionais, inclusive para designar lideranças de bairros e comunidades.
“Apesar da expressão FINAL estar sendo empregada de forma errática e controversa pelas facções e seus membros, a expressão SINTONIA FINAL associada a determinada área ou atividade criminosa é amplamente utilizada para identificar células e faccionados responsáveis em todos os níveis da hierarquia do PCC, exceto o núcleo central”, segundo um trecho do documento.
Por exemplo, “SINTONIA FINAL DA ZONA SUL” é usada para identificar criminosos ligados às operações do PCC naquela região da capital paulista, como detalha a Polícia Militar no relatório.
O documento foi elaborado depois que o jornalista Josmar Jozino, do UOL, publicou matéria afirmando que o Ferrugem morto pela Rota não seria o mesmo indivíduo de alta periculosidade conhecido pelas autoridades, Adilson de Daghia, 56 anos, condenado pelo assassinato do juiz Antônio Jose Machado Dias (Machadinho) e atualmente foragido.
O relatório nega confusão entre os indivíduos e informa que, mesmo sem um extenso histórico criminal, a ligação de Carlos Vieira com o crime é sustentada por “informações de inteligência”.
Enquanto Adilson Daghia acumula acusações graves, Carlos Vieira tem um único antecedente por furto em 2009. Para consolidar a conexão dele com o PCC, o relatório menciona um boletim de ocorrência de 2017 referente a agiotagem e investigações arquivadas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.
Investigações, incluindo um inquérito do Denarc, indicaram que Carlos Vieira controlava pontos de venda de drogas na região, mas faltaram provas para manter o processo. O relatório da PM destaca que, embora as características tradicionais de líderes do PCC não estejam presentes, evidências documentais e de inteligência demonstram sua atividade criminosa e vínculo com a facção.
Na descrição da ocorrência que culminou no homicídio, Carlos Vieira é referido como “sintonia final da zona leste”, com atuação em diversas cidades da Grande São Paulo, e estaria envolvido em rotas internacionais do tráfico e na distribuição em grande escala de drogas e armas.
O informe circulou entre oficiais da corporação e em grupos internos, atraindo atenção da imprensa.
Uma familiar do mesmo contestou as alegações da polícia nas redes sociais, descrevendo Carlos Vieira como alguém que ajudava a comunidade, além de ser advogado, empresário e pai dedicado, afirmando que o bairro está profundamente abalado com sua morte.
Nos registros públicos, ele aparece como sócio de uma empresa de motocicletas em Itaquaquecetuba e registrado na OAB, subseção Arujá, desde junho.


Você precisa estar logado para postar um comentário Login