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Centro-Oeste

População cobra solução para saga sobre a expansão do metrô no DF

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Os benefícios do serviço incluem economia de tempo, dinheiro e menos estresse. Sem contar a segurança, que é maior. Porém, a expansão do metrô engatinha, e os especialistas alertam: é uma das infraestruturas mais caras para colocar em prática

Inaugurado em 2001, o Metrô do Distrito Federal foi implantado com o objetivo de melhorar a mobilidade de regiões com grande densidade populacional, como Ceilândia, Samambaia, Taguatinga, que têm um grande volume de deslocamento para o Plano Piloto. No trajeto, de 42,38km de extensão, os 160 mil usuários passam, além das regiões administrativas citadas, pela Estrada Parque, Águas Claras, Guará, Asa Sul, até chegar à Rodoviária do Plano Piloto.

“Não havia expansão da linha nem inauguração de novas estações. A partir de 2019, a despeito da pandemia e das inúmeras ações sanitárias realizadas no sistema para a proteção da população, três novas estações foram entregues aos usuários e iniciados os processos para a expansão para Samambaia e Ceilândia”, explicou Handerson Cabral, diretor-presidente do Metrô-DF. A companhia destaca que mudanças no sistema de bilhetagem, com a possibilidade de uso de cartões de crédito diretamente nos bloqueios, também foram implementadas, a fim de reduzir filas.

De acordo com informações da companhia, a licitação da expansão de Samambaia foi concluída e o contrato assinado. “Neste momento, o Metrô-DF aguarda os projetos técnicos, que serão elaborados pelo consórcio contratado, para o início das obras. A previsão é que as obras durem quatro anos”, diz a nota. A estimativa é beneficiar cerca de 10 mil pessoas. “Também foi iniciado o processo de licitação para a expansão em Ceilândia, que deve beneficiar 12 mil pessoas. A companhia está realizando mudanças, a fim de adequar o edital às recomendações do Tribunal de Contas do DF”, completa a nota.

Expansão

Moradores das RAs da parte norte do DF, no entanto, não têm a mesma sorte. A promessa de ampliação é antiga e nunca foi colocada em prática. De acordo com a companhia, a expansão da linha 1 do Metrô-DF, no trecho da Asa Norte, que trata da construção da Estação do Trabalhador, foi sugerida no Plano Plurianual (PPA 2024/2027) do DF. Questionada sobre a ampliação em Sobradinho e Planaltina, a empresa não respondeu até a publicação desta edição.

O engenheiro civil Pastor Willy Taco, mestre em transportes urbanos pela Universidade de Brasília (UnB), explica que a maior dificuldade para a expansão do metrô no DF consiste na gestão política da região e na necessidade de investimentos para reconstruir as linhas existentes. “Uma obra como essa requer muito investimento e demoraria anos para ser finalizada, por também estarmos falando de linhas que existem. É um tipo de infraestrutura que vai precisar de alguma forma de subsídio, então, seria um ponto fundamental haver uma política do DF em conjunto com o governo federal”, explicou.

Desafios

Segundo Zuleide Feitosa, doutora em transportes e pós-doutora em políticas públicas de transportes, o DF não pode estar sozinho para atender à demanda da expansão de linhas. “É importante que todos os estados próximos ao DF, ou seja, Goiás, Bahia e Minas Gerais, façam uma política de proximidade e discussões sobre o tema, a fim de que o metrô beneficie as RAs, pois muitas delas são próximas desses estados.”

O entrave na expansão do metrô, para Artur Moraes, também doutor em transportes, é financiamento, pois a infraestrutura desse transporte é muito cara. “Seria mais interessante investir, inicialmente, em corredores de ônibus, que são mais baratos. É algo progressivo, pois, a partir do momento em que o corredor de ônibus não suprir mais as necessidades da comunidade, deve-se focar no metrô”, defendeu.

Para ocorrer a expansão do metrô, seria viável aumentar a quantidade de trens. “Por questão de segurança, há locais em que não se pode ter dois comboios no mesmo trecho. Para ampliar essa quantidade, deve-se reduzir o tamanho desse trecho, demandando outro sistema de sinalização, que diminua o tempo entre as composições. Daí a importância da remodelação”, analisou o especialista.

Compromisso

Existe um Termo de Compromisso entre o Ministério das Cidades e o GDF para a modernização do sistema de energia do Metrô-DF, no valor de R$ 53 milhões. Além disso, existe a proposta de expansão de Samambaia, que está em fase de contratação com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Serão 3,6km a mais e duas novas estações, ao custo de R$ 350 milhões.

Por fim, existem duas propostas apresentadas no processo seletivo do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A construção da estação Onoyama e o apoio aos sistemas de sinalização e telecomunicações das expansões de Samambaia e Ceilândia. Essas propostas ainda estão sendo avaliadas pelo Ministério das Cidades.

Benefícios

Apesar de ter carro, o analista de sistemas Ricardo Morais, 45, sempre se desloca ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios, de metrô. Morador de Taguatinga, ele precisa andar apenas duas quadras para chegar à estação. “Se, em alguma ocasião, preciso ir de carro, levo quase o dobro de tempo, além de passar estresse, pelos congestionamentos, e gastar com o preço alto da gasolina. Andando de metrô, economizo tempo e dinheiro, pois tenho o cartão que permite fazer a integração entre ele (metrô) e o circular até a Esplanada”, detalhou.

Para o analista, o único problema do metrô consiste nos problemas de manutenção, que paralisam o serviço.

Segundo o Metrô-DF, “os trabalhos de manutenção na linha são realizados de madrugada, quando os trens não circulam. Há monitoramento diário”, disse a nota. Além disso, a empresa acrescentou que os projetos de aquisição de 15 trens, modernização do sistema de sinalização e a conclusão da Estação Onoyama foram cadastrados no Novo PAC, para fins de obtenção de recursos.

Raio-X do metrô

Frota: 32 trens

Extensão da linha: 42,38 km

Média de usuários ao dia: até 160 mil

Funcionamento: de segunda a sábado, das 5h30h às 23h30 / domingos e feriados, das 7h às 19h

Estações previstas: 29

Estações operacionais: 27

Integração

Com os cartões Vale-Transporte ou Cidadão, é possível economizar nas passagens de ônibus, micro-ônibus e metrô.
Com um dos dois, pode-se fazer até três trajetos no prazo de duas horas e pagar R$ 5,50 por três viagens. Quem paga em dinheiro, porém, não consegue fazer a integração. Para adquirir o Cartão Cidadão, basta ir a um posto de atendimento do Sistema de Bilhetagem Automática do BRB Mobilidade, com RG e CPF.

Expresso Pequi

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal realizará, nesta quinta-feira, a partir das 9h30, uma audiência pública interativa com o propósito de discutir a implantação do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) entre o Distrito Federal e Luziânia — popularmente chamado de Expresso Pequi.

A promessa é antiga e beneficiaria, em especial, a população do Entorno do DF, por meio de um transporte rápido e com menos trânsito.  Passageiros e cargas sairiam de Goiânia passando por cidades como Valparaíso e Águas Lindas de Goiás e o DF.

A promessa foi anunciada em 2003, pelo então governador Joaquim Roriz, do DF, e Marconi Perillo, de Goiás, mas, após mais de duas décadas, não foi cumprida. O compromisso foi renovado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).

Segundo o governo, o projeto é alvo de discussões junto a órgãos especializados, com participação do DF e de Goiás.

Nesse caso, as discussões continuam e o governo de Goiás manifestou interesse em incluir o projeto no PAC. “Esse transporte é de comum interesse do DF e de Goiás” , disse uma fonte ao Correio.

A reportagem também procurou o governo de Goiás para saber sobre o projeto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Correio Braziliense

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