PT apoia Ricardo Teixeira contra Rubinho Nunes na Câmara

O diretório municipal do PT declarou seu apoio à reeleição de Ricardo Teixeira (União) à presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Embora o partido esteja na oposição à administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB), a bancada petista optou por apoiar o candidato indicado pela Prefeitura na disputa contra o vereador Rubinho Nunes (União) pelo comando da Câmara.

Espera-se que o PT mantenha pelo menos um assento na Mesa Diretora caso Teixeira seja reeleito. Atualmente, o partido ocupa a 1ª Secretaria com o vereador Hélio Rodrigues, que também é o presidente municipal do partido. A eleição está marcada para o dia 15 deste mês.

Em comunicado divulgado em 4 de dezembro, o PT criticou veementemente Rubinho. Segundo o texto: “Rubinho Nunes é conhecido por perseguir o Padre Júlio Lancellotti, uma importante liderança religiosa e defensor dos direitos humanos na cidade. Também apresentou proposta para multar doações de marmitas a pessoas em situação de rua e aprovou a CPI dos Pancadões, que tem usado para restringir artistas periféricos, caracterizando-se como representante da extrema-direita, contrariando os valores democráticos e as bandeiras históricas do PT“.

A disputa pela presidência da Câmara provocou divisão entre a base aliada do prefeito, que apoia a recondução de Teixeira, e o partido União Brasil, liderado na capital pelo ex-presidente da Câmara, Milton Leite. Este partido chegou a ameaçar expulsar o atual presidente se ele mantivesse sua candidatura.

Com o apoio dos oito vereadores do PT, os defensores da candidatura de Teixeira afirmam ter mais de 40 adesões à sua reeleição. Já Rubinho tem buscado apoio desde o início da semana.

Na quarta-feira (4/12), antes de anunciar o apoio a Teixeira, os vereadores do PT se reuniram com o prefeito, que afirmou que o tema foi o orçamento de 2026 e não a eleição da Câmara. “Só tratamos de orçamento. Nem precisei pedir votos para o Ricardo, o PT não pode votar no Rubinho“, disse o prefeito.

Embora apoie Teixeira, o PT criticou a gestão deste, destacando a falta de autonomia em relação ao Executivo e a interferência da administração de Ricardo Nunes. O partido reconheceu algumas iniciativas positivas, como a volta das reuniões presenciais para votação e o programa Câmara no Bairro.

A decisão de apoiar Teixeira foi tomada após ele assegurar compromissos com o PT, maior bancada da Casa, incluindo respeito à proporcionalidade na composição das comissões, garantia de que a oposição possa propor CPIs importantes, debates sobre projetos de lei e a criação de uma liderança da minoria, semelhante ao que ocorre no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa. Também foi prometido tratamento igualitário a vereadores e partidos de esquerda.

O PT ainda qualificou as gestões de Ricardo Nunes e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como autoritárias e antipopulares, reiterando seu compromisso com a defesa dos direitos da população e das periferias, alinhado ao projeto de fortalecimento da democracia e combate às desigualdades promovido pelo presidente Lula em âmbito nacional.

A eleição para a presidência da Câmara tem provocado impacto não apenas local, mas também nacional, influenciando as articulações políticas para as eleições de 2026. A rivalidade pode acarretar no rompimento do União Brasil com o grupo político mais próximo de Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas, que inclui PP, MDB, Republicanos e PL.

Milton Leite, presidente do diretório municipal do União e vice-presidente da Executiva nacional, revelou que, durante a pré-campanha de 2024, foi firmado acordo para que, em troca do apoio à reeleição de Ricardo Nunes como prefeito, a presidência da Câmara fosse ocupada pelo União pelos quatro anos do mandato, com rodízio entre seus vereadores.

Ricardo Teixeira foi eleito para 2025, com a ideia de que outro vereador do União assumisse em 2026. Porém, a base aliada do prefeito articula a permanência de Teixeira por mais um ano, o que gerou conflito entre o prefeito e Milton Leite.