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Um posto é roubado a cada 12 horas no DF

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Em 2015, foram 760 registros. Frentistas fazem apelo por segurança

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A cada 12 horas, um posto de combustíveis é assaltado no Distrito Federal. A constatação é da Secretaria de Segurança Pública, que registrou 760 ocorrências do crime em 2015. O número resulta em uma média de 63 roubos por mês. Somada aos furtos (quando não há uso de violência), a quantidade é ainda maior. Nesse caso, segundo o Sindicato dos Empregados em Postos de Combustíveis do DF (Sinpospetro),  o índice do ano salta para 950 crimes. Ou seja, cerca de 80 por mês.

De acordo com o vice-presidente do Sinpospetro-DF, Geraldo Coelho Leite,   os estabelecimentos se protegem como podem, com a instalação de câmeras e a contratação de   vigilância particular, por exemplo.  “Em determinados postos, hoje, temos segurança. Isso foi muito importante”, destaca. Segundo ele, hoje, aproximadamente 10% dos mais de 300 pontos de abastecimento do DF têm vigilantes. Mas o apelo pela segurança do Estado persiste.

As regiões que registram alto índice de assaltos a postos são Ceilândia, Samambaia, Gama e Santa Maria, segundo Geraldo Leite. “São os lugares mais problemáticos mesmo. Nesses locais, a qualquer hora, pode haver um roubo. Geralmente, eles acontecem de madrugada. Mas, hoje, são raros os postos abertos nesse horário no DF. A verdade é que acontece a qualquer hora, inclusive de manhã”, aponta.

A Secretaria de Segurança Pública realizou uma pesquisa, em outubro  passado, para diagnosticar os principais crimes cometidos contra  postos de combustíveis do DF. O roubo ficou em primeiro lugar. “A nossa proposta era ouvir o comércio em geral. E os representantes dos postos  foram os que se mostraram mais interessados em revelar a situação deles”, destacou o subsecretário de Gestão da Informação da pasta,  Marcelo Ottoni Durante.

Bandidos levam o que tiver

Gerente de um posto de combustível na QNN 28, em Ceilândia Sul,  Carlos Federico Vargas diz que, às vezes, eles levam R$ 300, outras,  R$ 400: “Na verdade, roubam o que tiver. Para eles, acho que o valor importa pouco. Querem talvez levar o que dá para usar droga. Muitos chegam a pé. Visivelmente, a arma não existe. Mas, quem vai arriscar? Ninguém, né?”.

Rendidos mais de 20 vezes em seis meses

Segundo o vice-presidente do Sinpospetro-DF,  Geraldo Leite, há indicações aos frentistas sobre o que fazer para tentar evitar assaltos. Além disso, destacou: “Dizemos para nunca reagirem”. Uma das indicações é evitar a aglomeração de funcionários. “Falamos isso para que, quando os bandidos chegam, não assaltem todos. Também pedimos para não guardarem grandes quantias nos bolsos. É importante fazer o que chamamos de ‘sangria’ e colocar o dinheiro em outro local”, explica.

Porém, na QNN 28 de Ceilândia, os funcionários do posto já estão tão acostumados com os recorrentes assaltos que sabem de cor como se comportar nessas situações. “Não reagimos de jeito algum. E tem muitos que vêm aqui sem arma. Mesmo assim, não arriscamos”, diz o gerente do estabelecimento Carlos Federico Vargas, de 38 anos.

Segundo ele, ao longo do ano passado, foram mais de 30 roubos no local. “Entrei aqui em julho. De lá para cá, foram mais de 20. Imagina o ano todo. Tem semanas   que são dois, três assaltos”, conta. “Eu já presenciei muitos. Infelizmente. É direto mesmo”, completa.

Acostumados ou amedrontados

A frentista do posto da QNN 28 de Ceilândia Joice Fernandes, 20 anos, relata que trabalha com medo. “Penso na minha família, no meu filho”, diz. Porém, ao mesmo tempo,  já se acostumou com as abordagens dos bandidos. “A gente se habitua, fica preparado para aquilo. E eles não estão nem aí. Tem uns que vêm a pé, outros de bicicleta. A maioria vem roubar de bicicleta mesmo. São raros os que estão de carro”, detalha a jovem.

Também em Ceilândia, na QNN 25, o frentista Max Martins, 28 anos, lembra que vários colegas desistiram de trabalhar no local por conta da violência. A situação só melhorou depois que contrataram um vigilante para ficar no estabelecimento. “Acho que o último assalto foi em março de 2015. Foi bem a época em que contrataram o vigilante. Antes, eram dois roubos por semana aqui. E todos à mão armada”, ressalta. Outro frentista, que não quis se identificar, conta que os gerentes “sempre pedem para não reagir”: “A gente não faz nada. Deixa levar. Ainda bem que melhorou agora”.

Em Samambaia, há poucos dias, funcionários de um posto na QR 122 foram surpreendidos por um casal de assaltantes. “Primeiro, eles fingiram que estavam enchendo os pneus da moto. Depois, chegaram perto de mim e anunciaram o assalto. Bastou eu chegar ao caixa e eles vieram atrás”, conta o frentista Werverson Gomes, 35 anos. “O homem estava visivelmente drogado. Quando ele quis atirar, a mulher não deixou”, completa.

Segundo Weverson, foram momentos de pânico. “Ele queria tudo que eu tinha no bolso. Quando fui tirar R$ 50, apareceram R$ 100. E ele ficou gritando ‘não me engana, vi que você tem mais’”, conta. O assalto aconteceu por volta das 16h30. Nesse momento, havia   clientes no local.

“Um deles viu a polícia passando de carro e acenou, mostrando que a gente precisava de ajuda. A polícia veio na hora, e os dois saíram correndo de moto”, afirma. O casal foi preso em flagrante. “Esses não voltam mais”, diz ainda o frentista.

O gerente do local conta que a ação dos policiais foi rápida e garantiu a prisão em flagrante dos bandidos. “Como não são menores, não terão facilidade de voltar para as ruas”, constata.

“A polícia faz o trabalho dela. O problema é que a maioria é menor, né?  E não são pegos em flagrante. Por isso, voltam. Só eu já presenciei uns oito roubos aqui. E posso garantir que, na maioria, eram menores de idade. Isso dificulta tanto o nosso serviço quanto o da polícia. Prender, eles prendem, mas são soltos antes de a gente terminar o registro da ocorrência”, desabafa José dos Reis, 30 anos, lembrando que fez o registro de todos os casos.

Policiamento específico

O porta-voz da Polícia Militar (PMDF), capitão Michelo Bueno, destaca que, em 2015, a maioria das unidades da corporação disponibilizou policiamento específico para prevenir e repreender assaltos em postos de combustíveis: “No Núcleo Bandeirante, por exemplo, fica uma viatura quase que parada naqueles postos do Setor de Motéis”.

Além disso, segundo o porta-voz da PMDF, foram realizadas diversas reuniões com gerentes de postos de combustíveis para orientá-los em relação à segurança do estabelecimento. “Para que eles ajudem mesmo instalando câmeras eficientes, com imagens nítidas, porque, em alguns casos, até tem câmera, mas a qualidade é ruim”, diz.

Outros postos, segundo o capitão Michelo, implantaram sistema de monitoramento que, acionado o botão, alerta a polícia rapidamente. “Não precisa ligar e chamar a PM. É mais rápido”, salienta. Por último, detalha o porta-voz da PMDF: “Pedimos também para recolherem o dinheiro dos frentistas e guardarem em um cofre”.

Apesar de os números de roubos serem altos, o fato é que a realidade já foi pior. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, houve queda de 46,3% nos roubos a postos de combustíveis no DF em 2015 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em 2014, as ocorrências passaram de 1,4 mil. Para o órgão, a redução está ligada à produtividade policial definida dentro das estratégias de segurança pública do programa Viva Brasília – Nosso Pacto pela Vida.

Pesquisa como base para uma política pública

A pesquisa feita com os estabelecimentos do ramo pela Secretaria de Segurança, intitulada Dimensões do Controle da Violência e Criminalidade nos Postos de Combustível do DF, foi enviada a 319 estabelecimentos. Desses, 122 responderam por meio de seus gerentes.

“A nossa ideia, agora, é fechar uma política em cima do que nos foi respondido. Vamos sentar com os representantes dos postos e fechar o relatório. Isso deve acontecer na próxima semana”, adiantou o subsecretário de Gestão da Informação da pasta, Marcelo Ottoni Durante.

De acordo com o levantamento, 91,3% dos postos registraram ocorrência dos roubos. “A pesquisa quer saber também o que está por trás porque que nem tudo o que acontece chega à polícia. É o chamado subregistro”, diz o subsecretário.

“No caso dos roubos, foi bom para saber que as entidades oficiais não estão distantes do que acontece. Nós até verificamos que  o subregistro é pequeno nos postos no que diz respeito aos roubos. Agora, o mesmo não ocorre em outros tipos criminais que analisamos também”, completa Marcelo Durante.

A ideia, após fechar os resultados, é fazer uma campanha  com os postos para que adotem medidas de prevenção. “Que tipo de organização ou recurso esses postos não vitimados utilizaram? Serve de exemplo para os outros”, explica o subsecretário.

Fonte:JBr

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