O varejo do Brasil fechou 2016 com recorde de perdas diante de quedas acentuadas e generalizadas das vendas, com destaque para supermercados, movimento marcado por demanda fraca e recessão econômica que não deve apresentar recuperação em breve.
No ano passado, as vendas varejistas recuaram 6,2 por cento sobre 2015, quando o setor terminou com queda de 4,3 por cento.
É o pior resultado da série histórica iniciada em 2001, marcando dois anos seguidos de perdas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O setor de varejo do país vem enfrentando anos de recessão e confiança abalada, com o desemprego em alta afetando com força a demanda.
Só em dezembro, a atividade apresentou recuo de 2,1 por cento sobre novembro, pior resultado desde janeiro, com queda de 4,9 por cento ante o mesmo mês do ano anterior.
“Sobre 2017, podemos dizer que o cenário doméstico melhorou em parte pela inflação que já começou a ceder e os juros que estão diminuindo, mas o mercado de trabalho, que tem um peso relevante para a demanda, continua fragilizado”, destacou aeconomista do IBGE Isabella Nunes.
Pesquisa da Reuters apontava expectativa de recuo de 1,95 por cento das vendas do varejo na comparação mensal e de 4,50 por cento sobre um ano antes.
Supermercados
Em 2016, as oito atividades que compõem o varejo restrito apresentaram recuo, sendo que seis tiveram as quedas mais fortes de suas séries históricas.
O maior peso veio das vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que recuaram 3,1 por cento em 2016 após queda de 3,0 por cento em dezembro, diante da perda da renda real e do aumento de preços dos alimentos em domicílio, de acordo com o IBGE.
“O consumo e o comércio foram impactados ao longo de 2016 por fatores que inibem o consumo, como pressão inflacionária, aumento dos juros e enfraquecimento do mercado de trabalho ao longo do ano”, completou Isabella.
A atividade de Móveis e eletrodomésticos apresentou recuo em 2016 de 12,6 por cento, enquanto as vendas de Outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 9,5 por cento.
O IBGE informou ainda que o volume de vendas no varejo ampliado –que inclui veículos e material de construção– caiu 8,7 por cento em 2016, também a mais forte perda na série histórica.
Esse resultado reflete principalmente a queda de 14 por cento nas vendas de Veículos, motos, partes e peças diante da diminuição do ritmo de financiamentos, taxa de juros alta erestrição no orçamento das famílias.
Com a demanda fragilizada, a inflação vem mostrando descompressão neste início de ano, mas isso pode não ser suficiente ainda para impulsionar o varejo diante do alto nível de desemprego.
Por outro lado, a confiança, considerada essencial para a melhora da economia, mostra sinais de melhora. A confiança do consumidor apurada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu em dezembro diante do avanço das expectativas.
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